Investigadores sul-coreanos da Universidade de Yonsei, Seul, garantem ter desenvolvido uma nova forma de criar carne em laboratório com o mesmo sabor da carne animal. Esta inovação tem, para já, tudo menos aspeto de bife, mas poderá revolucionar, num futuro próximo, a forma como cozinhamos.
A carne de laboratório não é, propriamente, uma novidade. Nos últimos anos têm sido constantes as notícias que dão conta da popularização deste alimento, que pretende oferecer uma alternativa não animal de forma a reduzir o impacto ambiental causado pela agropecuária.
Para fazer carne artificial os cientistas cultivam células animais em laboratório em estruturas próprias, que permitem a sua multiplicação, sem a necessidade de utilizar seres vivos.
Agora, cientistas sul-coreanos conduziram um novo estudo que tem como elemento diferenciador o sabor. Os investigadores, que publicaram o seu trabalho na revista Nature Communications, na terça-feira, garantem ter criado carne artificial "com gosto a carne grelhada".
Para tal, os cientistas recriaram os sabores gerados durante a reação de Maillard - reação química que ocorre entre aminoácidos e açúcares durante a confeção.
Introduziram um composto de sabor variável num hidrogel à base de gelatina, o que forma uma "estrutura funcional", que é descrita no estudo como a "composição básica da carne de cultura".
Milae Lee, coautora do artigo e estudante de doutoramento no Departamento de Engenharia Química e Biomolecular da Universidade de Yonsei, explica à CNN Internacional que o "composto de sabor" é ativado quando cozinhado a 150 graus durante cinco minutos, libertando, assim, o gosto a carne.
Como esta carne de laboratório ainda não é comestível, os investigadores utilizaram um nariz eletrónico que simula o sistema nasal humano para testar os aromas e perceber como se compara com a carne convencional.
Para este estudo foram adicionados sabores salgados e a carne, no entanto o elemento aromatizante também pode ser adaptado para outros sabores, como a gordura que se encontra em diversas peças.
Para já, os responsáveis pelo estudo não tencionam comercializar a ideia, razão pela qual não utilizaram substâncias alimentares, contudo admitem a possibilidade de a estratégia vir a ser aplicada em substâncias comestíveis.