Mundo

Arroz ou carne? É arroz de carne

Não é bife com arroz, nem arroz com carne. É arroz de carne, desenvolvido e cultivado em laboratório na Coreia do Sul, com músculo de vaca e células de gordura dentro dos próprios grãos de arroz.

Reprodução Universidade Yonsei

SIC Notícias

O arroz de carne surge em laboratório na Coreia do Sul, feito à base de músculo de vaca e células de gordura, que são inseridos dentro dos próprios grãos de arroz.

O arroz tem um tom rosa, e foi criado com o intuito de poder ser uma alternativa à carne, sendo uma opção mais sustentável a nível ambiental, mas também mais segura e mais barata, podendo transformar a indústria alimentar e a forma como comemos nesta crise climática que enfrentamos.

"Imagine obter todos os nutrientes que precisa a partir de células de proteína cultivadas no arroz" disse Sohyon Park, principal autor do arroz de bife, num comunicado à imprensa. "O arroz já tem um alto teor nutritivo, mas ao adicionar células de gado, esse teor pode aumentar ainda mais".

Esta alternativa também tem vantagens económicas. A carne custa cerca de 18 dólares (16,77 euros), e o arroz 2,2 dólares (2,05 euros), enquanto que o arroz de carne, no caso de ser comercializado, poderia ter um custo de 2,23 dólares (2,08 euros). A nível ambiental, estima-se que esta opção emita menos de 6,7 quilogramas de dióxido de carbono.

Como se produziu?

Primeiro, os investigadores cobriram o arroz com gelatina de peixe para ajudar as células de carne a fixarem-se melhor. Depois, inseriram músculo de vaca e células de gordura nos grãos de arroz, que são posteriormente deixados em cultura.

De acordo com o estudo, os animais têm estruturas biológicas microscópicas que ajudam as células a crescer, de modo a formar os tecidos e os órgãos. Os grãos de arroz têm uma composição mais porosa que imita esta estrutura, bem como moléculas que nutrem ainda mais estas células.

Depois deste processo, as células de carne crescem não só na superfície do grão de arroz, mas também dentro do próprio grão. Entre nove e 11 dias obtém-se o produto final - que o estudo descreve como "uma reminiscência do sushi de microcarne sem textura, perfil nutricional e sabor diferentes do arroz tradicional".

O arroz de carne é mais firme e quebradiço do que o arroz normal. Ao ser cozinhado ao vapor, os investigadores perceberam que o arroz com maior teor de músculo cheirava mais a carne de vaca e a amêndoas, e o arroz com maior teor de gordura cheirava a creme ou a óleo de coco.

O arroz foi a criação de maior sucesso, mas não foi a primeira opção para o estudo. Começaram por tentar criar esta alternativa à carne animal ao infundi-la em soja, mas a sua estrutura celular é demasiado grande, e assim os consumidores "não conseguiriam sentir a textura semelhante à da carne".

Os cientistas colocam ainda a hipótese de um dia as próprias vacas serem removidas do processo de criação do arroz de carne.

Últimas