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Presidenciais no Irão: Pezeshkian e Jalili vão (mesmo) disputar uma segunda volta

O candidato reformista Masoud Pezeshkian e o ultraconservador Saeed Jalili seguem para uma segunda volta nas eleições presidenciais do Irão, que vai realizar-se na próxima semana.

Anadolu

Ana Lemos

O candidato reformista Massoud Pezeshkian e o candidato ultraconservador Saïd Jalili qualificaram-se para a segunda volta das eleições presidenciais iranianas, anunciou o Ministério do Interior citado pela agência France Press.

"Nenhum dos candidatos conseguiu obter a maioria absoluta dos votos" na primeira volta e, "por conseguinte, o primeiro e o segundo candidatos" seguem para uma segunda no próximo dia 5 de julho, declarou à imprensa Mohsen Eslami, porta-voz do departamento eleitoral do ministério.

Massoud Pezeshkian obteve 10,4 milhões dos 24.535.185 milhões de votos contados, enquanto Saeed Jalili obteve 9,4 milhões de votos, adiantou o porta-voz das eleições, Mohsen Eslami, em conferência de imprensa transmitida pela televisão estatal iraniana.

Já o presidente do Parlamento, Mohammad Bagher Qalibaf, obteve 3,3 milhões de votos, e o clérigo xiita Mostafa Pourmohammadi pouco mais de 206 mil votos.

Recorde-se que estas eleições presidenciais antecipadas acontecem na sequência da morte do anterior chefe de Estado Ebrahim Raisi, num acidente de helicóptero em maio deste ano.

A lei iraniana exige que o vencedor obtenha mais de 50% dos votos expressos. Caso contrário, os dois candidatos mais votados passarão a uma segunda volta uma semana mais tarde. Na história do Irão, só houve uma segunda volta das eleições presidenciais: em 2005, quando o candidato da linha dura Mahmoud Ahmadinejad venceu o antigo Presidente Akbar Hashemi Rafsanjani.

Eslami reconheceu que o Conselho de Guardiães do país teria de dar a sua aprovação formal, mas o resultado não suscitou qualquer contestação imediata por parte dos candidatos na corrida.

Tal como tem acontecido desde a Revolução Islâmica de 1979, as mulheres e os que apelam a mudanças radicais foram impedidos de concorrer, enquanto a votação em si não terá qualquer controlo por parte de observadores reconhecidos internacionalmente.

A deputada Narges Mohammadi, Prémio Nobel da Paz, já tinha apelado ao boicote. Mir Hossein Mousavi, um dos líderes dos protestos do Movimento Verde de 2009, que permanece em prisão domiciliária, também se recusou a votar, juntamente com a sua mulher, segundo a sua filha.

Também tem havido críticas de que Pezeshkian representa apenas mais um candidato aprovado pelo Governo. Num documentário sobre o candidato reformista transmitido pela televisão estatal, uma mulher disse que a sua geração estava a "caminhar para o mesmo nível" de animosidade com o Governo que a geração de Pezeshkian tinha na revolução de 1979.

Raisi, de 63 anos, morreu no acidente de helicóptero de 19 de maio, que também matou o Ministro dos Negócios Estrangeiros do país e outras pessoas.

Era visto como um protegido do líder supremo do Irão, Ayatollah Ali Khamenei, e um potencial sucessor. No entanto, muitos o conheciam pelo seu envolvimento nas execuções em massa que o Irão levou a cabo em 1988 e pelo seu papel nas sangrentas repressões da dissidência que se seguiram aos protestos contra a morte de Mahsa Amini, uma jovem detida pela polícia por alegadamente usar indevidamente o véu obrigatório, ou hijab.

A votação decorreu num momento em que o Médio Oriente está sob tensão devido à guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.

Em abril, o Irão lançou o seu primeiro ataque direto a Israel por causa da guerra em Gaza, enquanto os grupos de milícias que Teerão arma na região - como o Hezbollah libanês e os rebeldes Houthi do Iémen - estão envolvidos nos combates e intensificaram os seus ataques.

Com LUSA

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