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Argentinos protestam contra austeridade e cortes nas cozinhas comunitárias

Na Argentina os manifestantes acusam o presidente ultraliberal de estar a pôr em prática e de forma muito brusca cortes nas despesas do Estado. Dados oficiais revelam que 60% da população está abaixo da linha de pobreza.

Miguel Franco de Andrade

Esta terça-feira, dia em que se cumprem 100 dias do Governo do presidente Javier Milei, milhares de argentinos protestaram contra as políticas de austeridade. Pelo menos três pessoas ficaram feridas em confrontos com a polícia, que usou canhões de água, gás lacrimogéneo e balas de borracha.

Os protestos ocorreram em várias cidade argentinas, com destaque para a capital Buenos Aires, onde foram convocados por sindicatos e organizações sociais.

Os manifestantes acusam o presidente ultraliberal de estar a pôr em prática e de forma muito busca os cortes nas despesas do Estado.

Afirmam que o presidente está a atirar para a miséria mais milhões de argentinos, num momento em que os dados oficiais revelam que 60% da população está abaixo da linha de pobreza.

“Emergência alimentar”

Um dos temas de maior confronto está ligado à "emergência alimentar", com os manifestantes acusarem o Governo de ter interrompido o abastecimento das muitas de cozinhas comunitárias no país, que o Governo acusa de serem fictícias.

“A Argentina está a enfrentar uma crise humanitária. Já o digo há muito tempo. Mais uma vez, vemos famílias e crianças a remexer o lixo para conseguirem comer alguma coisa.”, afirma o secretário-geral da União Trabalhadora e Economia Popular, Alejandro Gramajo.

O Governo, que tomou posse em dezembro, elegeu como prioridade o controlo da inflação que atingiu 200% no final do ano passado do défice na ordem dos 6%.

O alerta do FMI

A perda do poder de compra penaliza os rendimentos mais baixos e empurra mais gente para os bancos de fome, que estão agora sem capacidade de resposta.

O alerta surge ainda do Fundo Monetário Internacional (FMI), que alerta o Governo para a necessidade de calibrar as reformas económicas com as carências da população mais pobre.

O braço de ferro entre Governo, a oposição e os sindicatos deverá manter uma que o executivo liderado por Milei não tem maioria no Parlamento.

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