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"Enquanto Netanyahu mantiver a decisão de fazer a grande operação em Rafah ficará difícil um acordo de cessar-fogo"

Depois de o primeiro-ministro de Israel afirmar que não recebeu mais propostas do Hamas para um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns, Germano Almeida, comentador SIC, faz a sua análise sobre a situação.

Germano Almeida

O primeiro-ministro de Israel diz que não recebeu mais propostas do Hamas para um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns. Em comunicado, Benjamim Netanyahu afirma que as negociações só vão avançar se houver uma mudança nas exigências do grupo terrorista.

Para Germano Almeida "enquanto Netanyahu mantiver a decisão de fazer a grande operação em Rafah apesar de todos os avisos, como o de Biden, da União Europeia, dos países árabes e também de países que são aliados de Israel, ficará difícil".

No entanto, o comentador da SIC, garante que há uma grande novidade no acordo.

"A grande novidade é que apesar da posição de Israel, os EUA e os países árabes continuam a planear para as próximas semanas uma cronologia para que de facto avance um plano que permita a criação de um estado palestiniano", disse Germano Almeida acrescentando que "falta saber se Israel vai aceitar".

Segundo o comentador da SIC, há duas coisa fundamentais que o Hamas tem de ceder para que Israel aceite um entendimento.

"A primeira é a questão dos reféns, ou seja depois deste tempo todo a verdade é que o Hamas mantém mais de metade dos reféns que 'apanhou' no dia 7 de outubro e não sabemos quantos deles ainda estão vivos", acrescentando que a outra questão é relativamente ao cessar-fogo.

“O Hamas continua a dizer que enquanto Israel tiver operação militar em Gaza não haverá um novo acordo e Israel continua a dizer que não irá aceitar um cessar-fogo completamente”, referiu o comentador.

Sobre um possível isolamento internacional de Israel, Germano Almeida afirma que "ele já está a acontecer". Na opinião do comentador, "o que parece claro é que nos últimos dias até mesmo semanas a distância nas posições de Biden e Netanyahu está cada vez maior".

"Biden claramente precisa de um acordo, de uma vitória politico diplomática no médio oriente o mais rápido possível para ter também ganhos ao nível da eleição presidencial porque sabe que se esta questão continuar vai ter grandes problemas nomeadamente com a sua ala esquerda", afirmou o comentador.

"Ao contrário, Netanyahu está à espera que Trump ganhe a eleição porque aí teria muito menos exigências" por parte dos EUA, acrescentou deixando ainda claro que “neste momento embora os EUA concorde e esteja do lado de Israel na necessidade de evitar que o Hamas faça um novo 7 de outubro, discorda com praticamente todos os procedimentos de Israel”.

Germano Almeida analisou também as declarações de Donald Trump sobre a NATO, que afirmou que tem que pagar as suas contas e que os estados membros estão a gozar com os Estados Unidos. O comentador deixou claro que as declarações de Trump são "declarações de alguém que não compreende a lógica de uma aliança como a NATO" e que Trump nunca acreditou na NATO.

O comentador da SIC fez questão ainda de analisar o facto dos Estados Unidos dizerem que não vão recuar do apoio à Ucrânia, ainda que estejam há meses para aprovar um pacote de ajuda, afirmando que esta situação só mostra mais uma vez que neste momento há uma "divisão dramática na politica americana".

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