Zelensky está a prepara-se para estar presente na Conferência de Munique, numa altura em que está quase a fazer 2 anos do início da invasão russa. Germano Almeida alerta para os avisos que o Presidente ucraniano fez na altura e faz agora.
“Há dois anos precisamente, Zelensky esteve na Conferência de Segurança de Munique. E na altura, muita gente não acreditava no que ele estava a dizer quando dizia que a invasão [russa] estava iminente. Mais uma vez, muita gente não acredita nos avisos de que a Rússia se prepara para aproveitar o facto de haver muitas dúvidas sobre o reforço militar da NATO para atacar o flanco leste da NATO nos próximos anos”.
O líder da diplomacia europeia, Josep Borrell, antecipou já este problema, tem receio de que Putin queira alargar este conflito já depois das eleições de março, baseando-se no reforço da capacidade militar russa. Por causa das eleições na rússia, Putin não quererá lançar um eventual fator de perturbação interna na sociedade russa e, portanto, não vai fazer uma mobilização agora.
“Mas depois de ter uma vitória eleitoral na casa dos 80 ou mais por cento, como vai acontecer, aí sim, possa aproveitar a continuação do impasse ucraniano a nível europeu e americano”.
Para Germano Almeida, há questões “que são verdade e são articuladas, mas são momentos diferentes”: “esse reforço russo na Ucrânia que pode estar a preparar-se tem a ver com o aproveitamento do impasse na ajuda à Ucrânia e o momento crítico são os próximos meses, nomeadamente até à eleição americana. Outra coisa é, enquanto a Rússia continuar no palco ucraniano, não terá capacidade para atacar outro país, isso não vai acontecer”.
Nas declarações de Putin na entrevista a Tucker Carlson quando diz ‘porque é que eu haveria de querer invadir a Polónia ou um país do Báltico’, “isso é uma declaração alarmante, porque ele, antes de invadir a Ucrânia, perguntou ‘porque é que eu haveria de invadir a Ucrânia?'”
“Outro sinal, que me parece muito claro também que é o reforço de posições russas nas fronteiras do Báltico, ou seja, a pelas pelas informações militares do que os últimos dias houve uma duplicação desse número, sendo que isso é um movimento relativamente parecido com aquilo que a Rússia fez no Leste da Ucrânia nas semanas anteriores à [invasão da] Ucrânia”.
Declarações recentes de vários líderes europeus são mudança em relação àquilo que estava a acontecer há cerca de um mês, como Donald Tusk a dizer que a Europa tem de agir em conjunto, a ministra dos Negócios Estrangeiros francesa a dizer que a Europa tem que trabalhar num segundo seguro de vida, ou seja, não contar só com a NATO, o Chanceler alemão a defender a produção em larga escala de de armamento.
“Falta saber se essa diferença rápida que houve nas declarações dos líderes políticos terá consequências nas decisões dos eleitorados, neste ano de todas as eleições, falta saber que tipo de opções vai haver por parte dos eleitorados".
"Continuamos a precisar da ajuda americana"
A aprovação no Senado do pacote de segurança nacional de apoio à Ucrânia, Israel e Taiwan é uma aprovação bipartidária, com 19 senadores republicanos, ou seja, cerca de 1/3 dos senadores republicanos a perceberem a importância de ajudar a Ucrânia. O problema é que esse pacote possivelmente não vai avançar porque na Câmara dos Representante mais “Trumpisada”, mais alinhada com a agenda presidencial de Trump, o congressista Mike Johnson já disse que só quer uma ajuda a Israel.
E nesse sentido, mesmo que haja senadores republicanos que percebem a gravidade das declarações de Trump, o problema do impasse americano é que não há instrumentos para avançar e para que uma maioria que existe na América também ao nível do Congresso, para que se perceba a importância de ajudar a Ucrânia, tenha consequências.
“E este impasse político, se não for resolvido, terá uma consequência mais grave do que estejamos a imaginar”.