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Ataques do Hamas foram "vingança" pela morte de Soleimani, diz Guarda Revolucionária do Irão

Irão acusa Israel de assassinar o brigadeiro-general Razi Moussavi e de continuamente violar as leis internacionais. Afirma também que se "reserva certamente ao direito de se vingar" e que a vingança será "dura contra os sionistas".

Mansoreh Motamedi

Lusa

A Guarda Revolucionária do Irão afirmou esta quarta-feira que os ataques perpetrados a 7 de outubro pelo Hamas foram "uma das vinganças" pela morte do chefe da Força Quds, Qasem Soleimani, abatido em janeiro de 2020 pelo exército norte-americano.

Soleimani foi um major-general iraniano da Guarda Revolucionária Islâmica e, de 1998 a 2020, comandante da Força Quds -- uma divisão responsável, principalmente, por ações militares extraterritoriais e operações clandestinas -- tendo sido morto num bombardeamento norte-americano ao aeroporto de Bagdad, capital do Iraque.

O porta-voz da Guarda Revolucionária, Ramzan Sharif, sublinhou esta quarta-feira que "o 'Dilúvio de Al Aqsa' [designação do ataque conduzido pelo Hamas a 7 de outubro] foi uma das vinganças pelo assassínio de Soleimani pelos Estados Unidos e pelos sionistas [Israel]" e disse que Teerão "irá responder" à morte de um alto operacional da Força Quds (o brigadeiro-general Razi Moussavi) no bombardeamento israelita de segunda-feira na Síria.

"Estas vinganças irão continuar em diferentes momentos e lugares", ameaçou Sharif, sublinhando que Moussavi, morto em Damasco, "foi responsável pelo apoio aos Guardas Revolucionários na Síria e pelo reforço do eixo da resistência".

Citado pela agência noticiosa iraniana Tasnim, Sharif sublinhou que Moussavi desempenhou "um papel significativo na preparação dos combatentes da resistência na luta contra o Daesh" e associou a sua morte à "derrota irreparável sofrida pelos sionistas durante a operação 'Dilúvio de Al Aqsa'".

"O assassínio do mártir Moussavi é a continuação das violações das leis internacionais por parte dos sionistas", denunciou, apelando às instâncias internacionais para que atuem no sentido de "travar este processo", pois "caso contrário, a paz e a segurança internacionais estarão em perigo".

"O Irão reserva-se certamente ao direito de se vingar. Será uma vingança dura contra os sionistas", disse Sharif, que avisou que a resposta será "uma combinação de ações diretas e da frente de resistência", em referência aos aliados de Teerão na região.

Por outro lado, Sharif explicou que a razão pela qual os Estados Unidos estão a ser atacados na região, especialmente no Iraque, é porque, mesmo antes da ação 'Dilúvio de Al Aqsa', Bagdad aprovou a retirada dos norte-americanos e, depois desta operação, "a raiva dos iraquianos aumentou".

"É importante que os Estados Unidos aceitem que têm de abandonar a região porque estão bloqueados", afirmou, referindo-se aos últimos ataques das milícias pró-iranianas no Iraque e na Síria contra alvos americanos, na sequência do conflito que se seguiu aos atentados de 7 de outubro do grupo islamita palestiniano Hamas em Israel.

Os Estados Unidos têm reagido com ações no terreno e têm bombardeado várias vezes as posições das milícias, o que provocou críticas de Bagdad, que falou de um "ato hostil" e de uma "violação da sua soberania", uma vez que não deu autorização para estes ataques, que, no caso de segunda-feira, atingiram instalações militares iraquianas.

Sharif sublinhou ainda que Israel "está sob uma pressão particular" e argumentou que o Governo israelita "quer alargar o quadro da guerra e atacar outros países" para fazer face a esta situação, na sequência dos bombardeamentos em território sírio e libanês contra alvos do Irão e aliados, incluindo a milícia xiita Hezbollah.

Segundo argumentou o representante, "uma das estratégias de Israel" é transformar o conflito com o Hamas na Faixa de Gaza numa guerra entre o Irão e os Estados Unidos.

"O líder supremo da revolução [ayatollah Ali Khamenei] disse desde o início que esta operação era uma ação palestiniana, mas os israelitas continuam a querer implementar esta estratégia", afirmou.

Neste contexto, o chefe das Forças Armadas do Irão, Mohamad Hosein Baqeri, afirmou que o "ataque cobarde" de Israel de segunda-feira em solo sírio foi "uma clara violação da soberania da Síria" que "demonstra a natureza terrorista deste regime".

"Os líderes criminosos de Israel, que ainda não recuperaram da vertigem causada pelos últimos acontecimentos, cometeram um erro estratégico ao matar este mártir [Moussavi]", afirmou, antes de insistir que "os crimes [israelitas] não ficarão sem resposta".

Na mesma linha, o ministro da Defesa iraniano, Mohamad Reza Ashtiani, sublinhou que Teerão dará "uma resposta decisiva" a Israel, salientando que "o ato terrorista cobarde do regime sionista indefeso não ficará sem resposta". 

"No momento certo e no local certo, será dada uma resposta decisiva ao inimigo sionista", insistiu, citado pela agência noticiosa iraniana Mehr.

Na terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hosein Amirabdolahian, ameaçou Israel com uma "dura contagem decrescente" para a resposta de Teerão, enquanto o porta-voz do mesmo departamento governamental, Naser Kanani, classificou o que aconteceu como "um ato terrorista de agressão", defendendo que "o ato cobarde e hediondo é outro sinal da natureza terrorista do regime sionista".

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