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Eleições em Moçambique: disparos e detenções junto às mesas de voto

Um total de 53.270 eleitores são chamados este domingo a repetir a votação em 75 mesas para a escolha de novos autarcas em quatro municípios moçambicanos.

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Lusa

A polícia moçambicana teve de reforçar este domingo o contingente em algumas mesas de voto, tendo efetuado disparos e detenções na sequência de agitação social por alegadas tentativas de fraude registadas nas primeiras horas da nova votação em Moçambique.

O distrito de Gurué, na província da Zambézia, centro de Moçambique, está sob tensão, com a polícia a fazer disparos para dispersar a população que agride dois homens suspeitos de possuir boletins de voto preenchidos, segundo imagens transmitidas pela televisão local.

Em contacto com a Lusa, o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na Zambézia confirmou ter havido alguma agitação em Gurué, mas não confirma a ocorrência de disparos.

"Houve uma pequena agitação e rapidamente a polícia controlou. A polícia foi chamada para a repor a ordem, sensibilizar e amainar os ânimos", disse Miguel Caetano, acrescentando que o processo decorre, agora, de forma ordeira em Gurué e também em Milange, outro município que repete o escrutínio.

Na autarquia de Marromeu, em Sofala, também no centro de Moçambique, um presidente de mesa e um membro do Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceira força parlamentar) foram detidos por, alegadamente, possuírem boletins de voto preenchidos.

"Após os primeiros incidentes da manhã, a polícia foi obrigada a reforçar o contingente para garantir a ordem nos postos de votação espalhados pela autarquia", referiu Izidro Nhamussua, comandante distrital da PRM em Marromeu, durante uma conferência de imprensa.

Os observadores das eleições também denunciaram um ambiente de tensão nas primeiras horas da eleição, com registo de "várias irregularidades, ilícitos, violência antes e depois da abertura da votação".

O Consórcio Eleitoral Mais Integridade, que faz a observação do processo em 72 mesas de voto, denunciou também "tentativas de fraude, incluindo atritos entre presidentes de mesa e delegados de candidatura da oposição", além de impedimento à observação. Os observadores referiram também haver pouca adesão ao processo em alguns postos de votação, notando pontualidade na abertura das mesas.

Polícia apela à calma na repetição das eleições

O comandante-geral da polícia moçambicana, Bernardino Rafael, apelou para a calma na repetição das eleições autárquicas deste domingo, alertando para o "oportunismo" e garantindo que será assegurada a ordem pública.

Um total de 53.270 eleitores são chamados este domingo a repetir a votação em 75 mesas para a escolha de novos autarcas em quatro municípios moçambicanos.

A repetição da votação de 11 de outubro decorre em 18 mesas de Nacala-Porto (província de Nampula), três de Milange e 13 de Gurúè (Zambézia) e na totalidade das 41 mesas de Marromeu (Sofala), quatro municípios em que o processo eleitoral não foi validado pelo Conselho Constitucional (CC) moçambicano, devido a irregularidades.

As eleições de outubro foram fortemente contestadas pela oposição e sociedade civil, que denunciaram uma alegada "megafraude".

A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição) avançou com um recurso a pedir a suspensão da repetição desta eleição naqueles municípios, mas sem efeito.

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