Israel garante que está a cumprir o cessar-fogo, mas assume que às primeiras horas do dia destruiu túneis do Hamas. Os primeiros reféns são libertados esta tarde. Para Ricardo Alexandre, jornalista da TSF e comentador da SIC, este é um "acordo frágil" que exige ao Qatar, mediador das negociações, um acompanhamento em tempo real do cumprimento do estabelecido.
De acordo com o comentador da SIC, o fumo que se viu nas últimas horas em Gaza e as sirenes que soaram em Israel esta manhã terão sido resultado de ações realizadas antes do início do cessar-fogo, às 7:00 locais, 5:00 em Lisboa.
Ricardo Alexandre realça que este "é um acordo frágil, esteve esteve preso por arames na véspera, o Qatar vai montar uma sala de de operações em Doha para controlarem em tempo real o cumprimento do acordo".
"Se já tivermos duas horas em que não há combates, em que não há bombardeamentos, em que há um cessar-fogo, cada hora ganha é bom para permitir a ajuda humanitária e aliviar um pouco o sofrimento das populações."
Na análise feita esta manhã aos últimos desenvolvimentos no Médio Oriente, o comentador da SIC sublinha também a possibilidade admitida por Israel de haver "mais um dia de tréguas por cada 10 reféns que possam vir a ser libertados".
Pressão internacional para que o cesssar-fogo seja prolongado
Quanto à hipótese deste acordo de cessar-fogo ultrapassar os quatro dias, Ricardo Alexandre explica que "as partes vão ser muito pressionadas para isso, Israel por parte dos países ocidentais, nomeadamente os Estados Unidos e também porque não os europeus. Ainda ontem, Pedro Sánchez em Israel disse, num encontro com Benjamin Netanyahu, que o número de mortos na Palestina é insustentável, nomeadamente o elevado número de crianças mortas".
"Os Estados Unidos vão certamente fazer pressão sobre o Governo de Israel para que o cessar-fogo se possa manter, se possa ir prolongando e os países árabes, nomeadamente o Qatar, vão fazer o mesmo sobre o Hamas. Mas claro, Israel nunca disse que a guerra acabou", sublinha o comentador da SIC.
Portugal marca posição
O ministro dos Negócios Estrangeiros português está em Israel. João Gomes Cravinho viaja acompanhado da chefe da diplomacia da Eslovénia.
Na agenda tem um encontro com Presidente israelita em Telavive. Após a passagem por Israel, os dois chefes da diplomacia vão visitar a Palestina. Para amanhã está prevista a ida à Jordânia e ao Egito.
A viagem de Gomes Cravinho serve sobretudo para continuar o trabalho de diálogo entre as partes envolvidas na guerra, ancorado numa solução de dois Estados.
"A diplomacia portuguesa atua em várias frentes e numa diversidade geográfica grande e o Médio Oriente não deixa de ser uma zona prioritária também para os portugueses", considera Ricardo Alexandre.