A escalada de violência no Médio Oriente é um assunto para “levar mesmo a sério”. O alerta é feito pela professora Maria João Tomás, especialista na questão geopolítica na região
“O perigo é real. É um perigo que deve ser pensado para arranjar um cessar-fogo o mais rapidamente possível. Porque se isto alastrar as consequências são enormes”, afirma a professora em declarações à SIC Notícias.
Maria João Tomás lembra que o “ódio alimenta o ódio”, ou seja, quanto mais Israel bombardear e matar em Gaza, “mais cresce o Hamas”.
“Isto são organizações que só desaparecem quando as pessoas têm alternativa de escolha. E alternativa de escolha era esvaziar o sentido do Hamas, era que houvesse possibilidade das pessoas viverem em paz numa solução de dois Estados, onde não tivessem de recorrer à violência para reclamar o que é o seu território.”
Sobre os vários ataques ao campo de refugiados de Jabalia, Maria João Tomás sublinha que a ONU está a investigar se existiram crimes de guerra por parte de Israel e destaca a desproporcionalidade dos bombardeamentos.
“É a terceira vez que está a ser bombardeado um campo de refugiados por causa de um chefe militar do Hamas. É certo que eles dizem que Israel matou mais não sei quantos, mas, com isso tudo, morreram mais sete reféns, para não falar das centenas de crianças, mulheres e homens palestinos. Há realmente uma grande desporporção.”
A especialista refere que a prioridade de Israel devia ser “as vidas humanas dos reféns e dos palestinos” e critica as palavras de vingança do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
“Não podemos estar a fomentar esta guerra esquecendo o que é mais importante, que são as vidas humanas dos reféns e dos palestinos”, remata.