Israel voltou a atacar o campo de refugiados de Jabalia, a norte da Faixa de Gaza. Pelo menos 50 pessoas morreram, mas o número de vítimas pode ser ainda maior. A sul, mais de 400 cidadãos conseguiram passar para o Egito.
No inferno em que se transformou a Faixa de Gaza, não há sequer tempo para lágrimas. Cada minuto pode fazer a diferença entre viver ou morrer.
“Perdi a minha família toda, todos os 15. Eram inocentes, o que fizeram de mal? Foram mortos, todos. A minha irmã em casa com as crianças, o meu irmão em casa com as crianças, todos os meus irmãos, não sobrou ninguém para além de mim e do meu irmão mais novo. Quinze pessoas”, relata o palestiniano Abdel Kareem.
Abdel e muitos outros arriscam o que resta da própria vida, escavando com as mãos cada palmo de terreno. Procuram, lá no fundo, o grito dos familiares, que não chega. A violência do ataque israelita deixa pouca margem para milagres.
Israel diz que por baixo dos terrenos que bombardeou passaria o labirinto secreto de túneis do Hamas. Quem lá morava garante que não.
“Estávamos sentados em paz, não fizemos nada, e de repente os ataques atingiram-nos um após o outro, e não entendemos nada, não temos nenhum combatente [do Hamas] aqui, era um lugar seguro e protegido, porque é que isto nos está a acontecer?", questiona outro cidadão palestiniano.
Os prédios que resistiram às explosões estão em vias de colapsar.
O Hamas fala em dezenas de civis palestinianos mortos e feridos.
Centenas saíram de Gaza para o Egito
No sul, mais de 400 pessoas passaram esta quarta-feira a fronteira entre Rafah e o Egito. As autoridades egípcias permitiram pela primeira vez a passagem de cidadãos estrangeiros, pessoas com dupla nacionalidade e feridos palestinianos.
O acordo de abertura da fronteira foi mediado pelo Qatar.
As ambulâncias foram as primeiras a cruzar a fronteira. Foi dada prioridade à retirada de feridos palestinianos, os casos mais graves e que os hospitais de Gaza não tinham capacidade para tratar. Terão passado para o Egito 90 feridos esta quarta-feira.
O Egito preparou vários hospitais de campanha de forma a dar resposta rápida e perto da zona de fronteira.
Em sentido contrário, repetiu-se a entrada de camiões com ajuda humanitária.