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Aldeias podem ser abandonadas após sismo em Marrocos

Nada será como dantes em várias zonas de Marrocos. Muitas aldeias estarão completamente destruídas e as mais pequenas correm o risco de ficar abandonadas.

SIC Notícias

As aldeias da zona de montanha são as mais afetadas pelo sismo que atingiu Marrocos. Um especialista da Universidade de Évora, conhecedor profundo do povo e do país, sublinha que, apesar da resistência dos marroquinos, nada será como antes.

Um sismo de magnitude 6,8 foi resultado de um choque entre a África e a Península Ibérica, explica Rui Dias, realçando que sobrou um cenário de destruição e parte dele ainda está por revelar.

Estradas estreitas, feitas em terra pela zona montanhosa. Caminhos que facilmente vão abaixo. Uma zona de Marrocos que ainda não se sabe como está.

Professor do Departamento de Geociência da Universidade de Évora, Rui Dias conheceu, juntamente com os seus alunos, esta zona de Marrocos como poucos já o fizeram. Conviveu com o povo, dormiu nas casas.

“Tinham paredes de pedra, os tetos eram troncos de madeira postos na horizontal (....) Tinham muitas vezes um pátio central, onde à noite guardavam as galinhas e as cabras. Quartos que se dispunham em torno desse pátio central”, recorda Rui Dias.

Uma identidade que ficará apenas na memória

Casas como as das fotografias de Rui dificilmente se voltarão a ver. Tudo foi destruído pelo sismo e nada voltará a ser como antes.

"Quando forem reconstruir, será de acordo com a tecnologia da época em que vivem", diz o especialista.

Viviam à base da agricultura. Tinham pouco: dois ou três animais, uma horta, que já não existe. E agora, muitos deixarão para trás a sua terra.

“Calculo que não haja nenhuma família que não tenha tido mortos muito próximos. Penso que o trauma seja demasiado grande. Se calhar vão haver aldeia abandonas”.

A identidade destes povos ficará apenas na memória. Perderam família, casa, o sustento e muitos vão mesmo embora.

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