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Ataque com faca em França: “Não será de afastar um quadro de saúde mental”

Mauro Paulino, psicólogo forense e comentador SIC, realça que o agressor "terá procurado crianças com idade aproximada de um filho que tem e esse terá sido o motivo".

SIC Notícias

Seis pessoas foram esfaqueadas, incluindo quatro crianças, em Annecy, nos Alpes franceses. Três das vítimas, dois adultos e uma criança, correm risco de vida. O suspeito do ataque foi detido no local. É um refugiado sírio que chegou a França há menos de um ano. As motivações do ataque estão a ser investigadas, Mas para já está afastada a suspeita de ato terrorista. Para Mauro Paulino, psicólogo forense e comentador da SIC, “não será de todo de afastar um quadro de saúde mental”.

Não são ainda conhecidos pormenores sobre a história do agressor, mas o facto de o alvo do ataque serem crianças indicia um comportamento desviante.

Mauro Paulino sublinha que o caso tem de ser contextualizado, mas de acordo com a informação avançada pela comunicação social francesa, sabe-se que o agressor "terá procurado crianças com idade aproximada de um filho que tem e esse terá sido o motivo, esse poderá ser o motivo, alguma espécie de vingança, alguma crença que tenha desenvolvido".

Há também informações que indicam que terá recebido um decisão não favorável relativamente a um pedido que fez em França, o que poderá ter conduzido a um sentimento de “desigualdade e também de efeitos cumulativos de stress e de experiências traumáticas, como acontece com população em situação de migração”.

Para o comentador da SIC, a população migrante, principalmente a que é proveniente de países em conflito, “aumenta necessariamente a vulnerabilidade destas pessoas, que poderão, perante algumas circunstâncias, desenvolver alguns quadros de saúde mental que levam a comportamentos bastante preocupantes”.

“Os efeitos cumulativos de stress e experiências traumáticas contribuem para desenvolver alguns quadros de saúde mental”, explica Mauro Paulino.

“É importante que as autoridades francesas quer do ponto de vista da Justiça, quer do ponto de vista da saúde mental, possam recolher informação relativamente a este comportamento para precisamente perceber qual terá sido a finalidade ou motivação aqui inerente a este comportamento que, mais uma vez, pelas informações avançadas, não será de todo de afastar aqui um quadro de saúde mental”, realça.


Na sequência deste episódio registado esta quinta-feira, a ala política francesa mais conservadora já veio colocar em questão a política de imigração que vigora no país.

Neste contexto, Mauro Paulino considera que por ser refugiado sírio, a situação coloca “desafios sociais que implicam um conjunto de respostas estruturadas e várias entidades internacionais, que acolhem refugiados, têm procurado manifestar precisamente essas preocupações de que não basta acolher as pessoas”.

O psicólogo forense defende que “há aqui uma componente que tem inevitavelmente que ser pensada, não pode ser, obviamente, só abrir fronteiras, mas é preciso criar um conjunto de redes para evitar estas desigualdades”.

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