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Funeral de Bento XVI realiza-se esta quinta-feira

São esperadas na Praça de São Pedro mais de 100 mil pessoas.

REMO CASILLI

SIC Notícias

O funeral do Papa emérito Bento XVI, que morreu no sábado aos 95 anos, realizou-se esta quinta-feira na Praça de São Pedro, no Vaticano, seguindo um cerimonial "solene" mas "sóbrio" que foi acompanhado por milhares de pessoas.

A missa, celebrada por Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício e presidida pelo Papa Francisco começou às 09:24 locais (08:24 em Lisboa) na Praça de São Pedro, no Vaticano.

No centro do átrio da praça do Vaticano, e após uma procissão no interior da basílica de São Pedro, foram colocados os restos mortais de Joseph Ratzinger. Ao som de várias badaladas, 12 pessoas carregaram o caixão de madeira e um forte aplauso irrompeu pela Praça de São Pedro.

Sobre o caixão, o Vaticano colocou um breve resumo, escrito em latim, da vida e dos feitos de Bento XVI, onde foi descrito como alguém que combateu com “ferocidade” durante o seu pontificado de oito anos os abusos sexuais contra crianças na Igreja Católica. Em 600 anos, Bento XVI foi o primeiro Papa a renunciar.

O Papa Francisco chegou minutos antes da procissão numa cadeira de rodas e sentou-se numa cadeira preparada especialmente para si no altar. No início da cerimónia começou por apelar aos fiéis que reconhecessem os seus pecados.

Esta é uma missa fúnebre de um Papa considerada rara por ser celebrada por um Papa ainda vivo.

As exéquias, após o corpo do Papa emérito ter ficado três dias em câmara ardente com milhares de pessoas a prestarem a última homenagem, foram "solenes", com algumas adaptações, e "sombrias", por vontade expressa de Bento XVI.

No final da celebração, o corpo de Bento XVI regressou ao interior da Basílica de São Pedro.

O Papa emérito vai ser sepultado, por seu desejo expresso, na Cripta da Basílica de São Pedro, no túmulo que pertenceu a João Paulo II, antes dos restos mortais do Papa polaco terem sido transferidos para a superfície do templo em 2011 após a sua beatificação.

Clérigos e chefes de Estado de todo mundo marcaram presença numa cerimónia envolta numa névoa que se fazia sentir, esta quinta-feira de manhã, no Vaticano. Na Praça de São Pedro estima-se que estivessem mais de 100 mil pessoas, segundo as autoridades locais.

A segurança foi reforçada com mais de 1.000 polícias mobilizados para as cerimónias e o espaço aéreo na zona da Santa Sé foi encerrado.

Oficialmente o Vaticano apenas convocou para a cerimónia duas delegações, de Itália e da Alemanha, o país onde nasceu Joseph Ratzinger.

A delegação italiana foi liderada pelo chefe de Estado, Sergio Mattarella, e pela primeira-ministra, Giorgia Meloni, assim como a delegação alemã, que foi chefiada pelo Presidente, Frank-Walter Steinmeier, e o chanceler alemão, Olaf Sholz.

Uma delegação das autoridades da Baviera, região que viu nascer Joseph Ratzinger, também esteve presente e foi encabeçada pelo líder do governo regional, Markus Söder.

O Estado português foi representado nas cerimónias pelo Presidente da República e pela ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro. Marcelo Rebelo de Sousa tem previsto para esta quinta-feira um encontro, na Basílica de São Pedro, com o Papa Francisco.

Os Presidentes da Polónia (Andrzej Duda), da Eslóvenia (Natasa Pirc Musar) e da Hungria (Katalin Novák) também marcaram presença na cerimónia, bem como os primeiros-ministros polaco e húngaro, Mateusz Morawiecki e Viktor Orbán, respetivamente.

A rainha emérita de Espanha Sofia e o Rei Felipe da Bélgica estiveram também na Praça de São Pedro, bem como o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin.

Da Croácia, estiveram os titulares das pastas dos Negócios Estrangeiros e da Cultura, Goran Grlic Radman e Nina Obuljen Korzinek, respetivamente, e da Ucrânia, país em guerra na sequência de uma ofensiva militar russa iniciada em fevereiro, esteve o bispo Kenneth Nowakowski, em representação do líder da Igreja Greco-Católica Ucraniana, o arcebispo Sviatoslav Shevchuk.

Diversos representantes ecuménicos participaram nas cerimónias, como o caso de Antonio de Volokolamsk, presidente do Departamento de Relações Eclesiásticas Exteriores do Patriarcado de Moscovo, em representação do patriarca Cirilo (responsável máximo da Igreja Ortodoxa Russa).

Cerca de 400 bispos e de 4.000 sacerdotes marcaram presença na cerimónia que teve um modelo quase idêntico às exéquias de um pontífice em funções, mas com algumas adaptações tendo em conta o atual estatuto de emérito de Bento XVI.

Quem foi Bento XVI?

Joseph Ratzinger, que foi Papa entre 2005 e 2013, nasceu em 1927 em Marktl am Inn, na diocese alemã de Passau, tornando-se no primeiro alemão a chefiar a Igreja Católica em muitos séculos e um representante da linha mais dogmática da Igreja.

O Papa emérito Bento XVI abalou a Igreja ao resignar do pontificado por motivos de saúde, em 11 de fevereiro de 2013, dois meses antes de comemorar oito anos no cargo.

Os abusos sexuais a menores por padres e o "Vatileaks", caso em que se revelaram documentos confidenciais do papa, foram temas que agitaram o seu pontificado.

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