Acredita-se que a pandemia, que matou entre 75 a 200 milhões de pessoas, seria transmitida por pulgas de ratos, infetadas com a bactéria Yersinia pestis, que morderiam as pessoas e assim a doença se espalhava.
Só entre 1347 e 1351 morreram pelo menos 25 milhões de pessoas, um terço da população europeia.
Mas terá sido o rattus rattus injustamente acusado de espalhar a bactéria mortal?
Uma equipa de cientistas da Universidade de Oslo vem agora afirmar que o primeiro surto foi provocado por parasitas nos seres humanos - como pulgas e piolhos.
Cenários possíveis
Utilizando modelos matemáticos, os cientistas criaram uma lista das características da praga. Por exemplo, a probabilidade de alguém recuperar era de 40%. Um piolho infetado com a bactéria mantinha a capacidade infecciosa durante três dias. Cada pessoa transportava em média seis pulgas e/ou piolhos.
"Temos dados muito fiáveis dos surtos em nove cidades na Europa", disse à BBC o professor Nils Stenseth da Universidade de Oslo.
Com estes parâmetros, os cientistas colocaram três cenários da possível disseminação da doença:
- os piolhos e as pulgas nas roupas e corpos das pessoas
- os roedores e os seus parasitas
- a tosse dos humanos espalhou pelo ar uma versão da doença, a peste pulmonar.
"A conclusão foi clara: os piolhos e as pulgas nos humanos" disseminaram a doença, afirma o professor. "É muito improvável que a doença se espalhasse tão depressa se fosse transmitida pelos ratos".
Mordedura mortal
Quando pulgas infetadas com a bactéria Yersinia pestis mordem os humanos, a bactéria entra no sistema circulatório e aloja-se nos gânglios linfáticos. Estes incham formando bubões negros - daí o nome de peste bubónica ou negra.
A peste negra não é uma doença medieval desaparecida. De acordo com a OMS, entre 2010 e 2015 há registo de 3248 casos pelo mundo, incluindo 584 mortes.
"A peste negra transformou a história da humanidade, por isso é muito importante perceber como se espalhou e porque se espalhou tão depressa", sublinha a autora principal do estudo Katharine Dean, da Universidade de Oslo, em declarações à National Geographic.
O estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Science (PNAS).