O apelo foi lançado numa sessão especial sobre o Sudão do Sul, convocada a pedido dos Estados Unidos e apoiada por 48 países.
Num discurso na abertura da sessão, o Alto Comissário para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein, sublinhou que a economia do Sudão do Sul foi destruída por três anos de conflito.
"Cerca de 4,8 milhões de pessoas, sem recursos, estão expostas à ameaça muito real de grave insegurança alimentar e da fome", disse.
Zeid Ra'ad al-Hussein qualificou ainda de "chocante" o nível de violências sexuais no país, adiantando que estarão envolvidos todos os lados do conflito.
Segundo um estudo do Fundo das Nações Unidas para a População realizado em junho, 70% das mulheres refugiadas num campo em Juba, a capital, confessaram ter sido violadas.
A presidente da Comissão dos Direitos Humanos no Sudão do Sul, Yasmin Sooka, denunciou, por seu turno, "um processo regular de limpeza étnica já em curso em certas partes do país".
"O Sudão do Sul está à beira de uma guerra civil étnica, que poderá desestabilizar o conjunto da região", disse.
Sooka apelou à comunidade internacional para organizar o destacamento imediato dos 4.000 homens da força regional de manutenção da paz, não apenas para a capital, mas para todo o país.
Pediu igualmente a criação urgente do "tribunal híbrido", um órgão especial encarregado de investigar e julgar os responsáveis pelas atrocidades desde o início da guerra civil, previsto no acordo de paz assinado em agosto de 2015.
Este acordo não tem impedido, no entanto, a continuação dos combates entre o exército e diferentes grupos rebeldes.
Independente desde 2011, o Sudão do Sul mergulhou em dezembro de 2013 numa guerra civil provocada pela rivalidade entre o presidente Salva Kiir e o antigo vice-presidente Riek Machar que causou dezenas de milhares de mortos e mais de 2,5 milhões de deslocados.
Lusa