Violência em Moçambique

Moçambique: manifestantes tentaram aproximar-se do Palácio Presidencial

A situação é muito complicada em Maputo esta quinta-feira. Nas ruas há forte presença da polícia e militares e já várias pessoas foram detidas.

SIC Notícias

Em Maputo, em dia de manifestação nacional contra os resultados das eleições presidenciais, os manifestantes tentaram aproximar-se do Palácio Presidencial, mas a polícia travou o avanço.

Dezenas de militares começam agora a chegar ao centro da capital moçambicana para limpar a destruição. Os manifestantes deixaram intransitáveis várias artérias centrais.

Horas antes, as mesmas ruas estavam tomadas pelo caos. Milhares de pessoas saíram às ruas esta quinta-feira em resposta a um apelo do líder da oposição, que contesta os resultados eleitorais.

A polícia chegou a ver-se obrigada a usar gás lacrimogéneo para dispersar as pessoas e várias foram mesmo detidas.

100 pessoas invadiram e roubaram lojas num centro comercial

Esta manhã, durante o protesto, mais de 100 pessoas invadiram e vandalizaram duas lojas num centro comercial no centro da capital, roubando ainda televisões e telemóveis.

O Presidente Filipe Nyusi ainda não se pronunciou desde a escalada dos protestos, mas o ministro da Defesa ameaça mobilizar o exército e adverte contra as tentativas de tomada do poder.

"Se o escalar da violência continuar não se coloca outra alternativa senão mudarmos as posições das forças no terreno e colocarmos as Forças Armadas a proteger aquilo que são os fins do Estado", disse.

Líder da oposição promete protestos até reposição da “verdade eleitoral”

Venâncio Mondlane já avisou que as manifestações de protesto são para manter até que seja reposta a verdade eleitoral.

Num direto no Facebook, o líder da oposição acusou a polícia de estar a saquear estabelecimentos comerciais e, no bairro de Maxaquene, de ter matado duas pessoas.

"O povo está disponível para tomar o poder e vai tomar o poder. A hora já chegou e o povo já tomou o poder", frisou, referindo-se aos populares que estão nas ruas da capital moçambicana.

Consulado-geral de Portugal em Maputo cria canal de comunicação direta

O Consulado-Geral de Portugal em Maputo criou um grupo na rede social Whatsapp "para disponibilizar um canal de comunicação direta adicional", tendo em conta a "atual situação de instabilidade" em Moçambique, disse à Lusa fonte diplomática.

"Este canal é exclusivamente destinado à comunidade portuguesa na área de jurisdição do Consulado-Geral para contactos em contexto de situações de crise", explica o Consulado-Geral.

O que se passa em Maputo?

Desde que foram conhecidos os resultados das eleições Presidenciais, há duas semanas, que emergiu uma onda de contestação em Maputo.

A oposição, liderada por Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique, ficou em segundo lugar, mas não reconheceu os resultados.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou a 24 de outubro a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, na eleição para Presidente da República, com 70,67% dos votos.

Venâncio Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%. Os resultados ainda não foram certificados oficialmente, processo que normalmente demora cerca de dois meses.

Em resposta, Venâncio Mondlane convocou a população para uma paralisação geral de sete dias, que começou a 31 de outubro e que ‘culmina’ esta quinta-feira com uma manifestação nacional em Maputo.

Os confrontos já fizeram pelo menos 10 mortos, dezenas de feridos e 500 detidos.

[Última atualização às 18:00]

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