O primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse esta quinta-feira estar a acompanhar "com preocupação" a situação no terreno em Moçambique, país palco de intensas manifestações contra os resultados das eleições gerais, e garantiu esforços diplomáticos de Portugal para que a calma seja restaurada.
"Estamos a acompanhar muito de perto a evolução no terreno e estamos, neste momento, ainda à espera das decisões do Conselho Constitucional e, portanto, de poder ver os resultados totalmente anunciados, naturalmente, desejando que todos os intervenientes possam manter o discernimento que possa evitar uma escalada de violência nas ruas", afirmou o chefe de Governo.
Em declarações aos jornalistas em Budapeste, onde decorre uma cimeira da Comunidade Política Europeia, Luís Montenegro afirma que “Moçambique não é um país qualquer”, devido ao “relacionamento muito próximo” com Portugal e também por ser “um país onde vivem muitos portugueses”.
“Nós empreenderemos toda a nossa diplomacia e toda a nossa interação com os agentes políticos moçambicanos para reforçar o apelo a que haja tranquilidade, respeito pela vontade popular.” afirmou.
O que está a acontecer em Moçambique
O anúncio feito pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique a 24 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato derrotado Venâncio Mondlane.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
Após protestos nas ruas que paralisaram o país, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo convocada para hoje.
Hoje cumpre-se o oitavo dia de paralisação com manifestações em todo o país e a maioria motivam intervenção da polícia, que dispersa com tiros e gás lacrimogéneo, enquanto os manifestantes cortam avenidas, atiram pedras e incendeiam equipamentos públicos e privados.