Várias pessoas foram detidas nos protestos contra o resultado das presidenciais em Moçambique. Os manifestantes vandalizaram esta manhã várias lojas e centros comerciais em Maputo. A polícia utilizou gás lacrimogéneo para dispersar a multidão. Há vários dias a capital moçambicana vive violentos protestos nas ruas, com registo de várias vítimas mortais, numa onda de contestação motivada pela oposição.
O jornalista Lázaro Mabunda, correspondente do Expresso em Maputo, relata a situação ao início desta tarde na capital moçambicana e no resto do país.
"Há muitos manifestantes que estavam ainda a entrar na cidade de Maputo por diversas vias. Havia manifestante a entrar por via de Malanga, da parte Oeste de Maputo, mas também tinha outros que já estavam no centro da cidade e havia militares a bloquear todas as vias.
A polícia estava a fazer bloqueios, mas também nos arredores da cidade de Maputo, nos bairros suburbanos grande parte das vias estão praticamente bloqueadas.
Em relação ao número de mortes, só nos últimos cinco, seis dias, há mais de 20 pessoas assassinadas em todo o país. Só na cidade de Maputo são mais ou menos 10. Na cidade de Matola, são mais ou menos 10 pessoas assassinadas.
Neste momento, o número está a subir justamente porque, antes, em Inhambane, foi assassinado pelo menos um jovem e esta onda de assassinato está a decorrer em todo o país e, em alguns casos, não são reportados", descreve Lázaro Mabunda.
A Amnistia Internacional pede o fim da violência em Moçambique, apela ao Governo para que ponha termo à repressão violenta e generalizada. A organização critica a forma como as forças de segurança têm tentado dispersar as multidões e diz que os países vizinhos se devem pronunciar para evitar mais mortes e a violação dos direitos humanos.
Os protestos em Moçambique tiveram início após a divulgação dos resultados das eleições. Nos dias 21, 24 e 25 de outubro, as manifestações paralisaram o país. O candidato presidencial Venâncio Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais nas ruas que degeneraram em violência e intervenção da polícia.
Venâncio Mondlane designou a paralisação geral de sete dias, que culmina hoje com uma manifestação nacional em Maputo, como a terceira etapa da contestação aos resultados das eleições gerais de 9 de outubro