TAP: o futuro e as polémicas

Marques Mendes elogia Lacerda Sales: "É de uma frontalidade e coragem que não é normal"

O presidente da comissão de inquérito à gestão da TAP reagiu às críticas do ministro da Cultura Pedro Adão e Silva. Para o comentador, este "raspanete" mostra "coragem" do deputado para "pôr na ordem um ministro".

SIC Notícias

Lusa

Luís Marques Mendes elogiou a resposta dada pelo presidente da comissão de inquérito à gestão da TAP, António Lacerda Sales, às críticas do ministro Pedro Adão e Silva. Numa entrevista, o ministro da Cultura comparou os deputados com “procuradores do cinema americano da série B da década de 80”.

"Eu acho que ele foi de uma dignidade, de uma seriedade, de uma independência que não é normal em qualquer deputado”, disse Marques Mendes no seu habitual espaço de comentário, aos domingos no Jornal da Noite.

Para o comentador, o “raspanete” do presidente da comissão de inquérito à gestão da TAP mostra “uma frontalidade e uma coragem que não é normal” na vida política portuguesa.

“Não é normal, se bem conheço na vida política, um deputado ter a coragem, embora tenha razão, de pôr na ordem um ministro. Há pessoas no Partido Socialista que têm comportamentos errados, há pessoas que têm comportamentos certos, como seguramente em todos os partidos”, remata.

"Falta de respeito": presidente da CPI da TAP deixa fortes críticas ao ministro da Cultura

O presidente da comissão de inquérito à TAP, António Lacerda Sales, considerou este domingo que as declarações do ministro da Cultura foram uma "falta de respeito" e uma "caracterização muito injusta" do trabalho dos deputados, pedindo que se retrate.

Em declarações à agência Lusa, o também deputado do PS reagiu às palavras de Pedro Adão e Silva numa entrevista à TSF e ao Jornal de Notícias, em que o ministro considerou ter havido deputados a agir como "procuradores do cinema americano da série B da década de 80" na comissão de inquérito à TAP.

"Isto parece-me uma falta de respeito pelo trabalho dos senhores deputados, da comissão e do próprio Parlamento. Relembro que o Governo responde ao Parlamento. Nenhum político está isento de respeitar as instituições, por maioria de razão o parlamento, especialmente os ministros", reagiu Lacerda Sales.

Lacerda Sales referiu que, enquanto presidente da comissão de inquérito à TAP, lhe cabe defender a "comissão e a instituição parlamento" e disse aguardar que "o senhor ministro se retrate destas declarações".

As declarações do ministro da Cultura

Na entrevista à TSF e ao Jornal de Notícias, Pedro Adão e Silva referiu que se está a assistir a uma "degradação do ambiente político" que não é "independente de coisas como aquelas que se passaram" na comissão parlamentar de inquérito à TAP.

"A transformação das inquirições em noites sem paragem, sem saber se se falou ao telefone às 10:00 ou às 10:05, se foi antes ou depois, em que os deputados são uma espécie de procuradores do cinema americano de série B da década de 80, e em que depois tudo isto é prolongado naquele género de comentário, como se comenta os 'reality shows', nos canais noticiosos à noite - se isso não contribui igualmente para a degradação das imagens e da democracia? A minha resposta é que contribui", afirmou.

O governante ressalvou que "as comissões parlamentares de inquérito têm um papel muito importante de valorização até da atividade parlamentar", mas acrescentou que "há comportamentos e lógicas de funcionamento" dessas comissões que são "degradantes da função política".

"Se nós achamos normal algumas das coisas que se passaram, acho que estamos a laborar num enorme equívoco", sustentou.

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