Primeira Liga

Feio, mau e evitável: de quem é a culpa pelo que aconteceu nas imediações do Municipal de Famalicão?

Há duas formas de olhar para as circunstâncias que motivaram, este sábado, ao adiamento do Famalicão/Sporting: a causa e o efeito.

JOSÉ COELHO

Duarte Gomes

A primeira é simples de explicar: não houve polícia suficiente para garantir a segurança relativa ao evento, razão pela qual o jogo não se realizou. Dos 15 agentes da PSP escalados para o jogo, 13 adoeceram.

A segunda é ainda mais fácil de perceber: não havendo autoridade policial, duas ou três dúzias de delinquentes sentiram que o bar estava aberto. E estava.

Daí ao caos foi um pequeno passo. A ralé fez ali o que sabe fazer tão bem: semear a desordem, espalhar o pânico, criar o caos. É geralmente isso que acontece quando a fome junta-se à vontade de comer.

O "convite à violência" proposto pela ausência de alguns agentes da polícia foi aceite de bom grado pelas ervas daninhas que proliferam em casa sem guarda.

Para quem está deste lado, há várias ilações a retirar:

- A primeira é que Liga Portugal, FC Famalicão e Sporting CP não tiveram responsabilidades na matéria. Desta vez o dedo não pode ser apontado na sua direção.

- A segunda é que até o Comando da PSP e o Ministério da Administração Interna terão sido surpreendidos pela ausência inesperada de efetivos, porque a garantia dada oficialmente é que tudo estaria assegurado. Correu mal.

- A terceira é que, sem prejuízo da legitimidade que assiste aos agentes da PSP em exigirem mais e melhores condições (é justo sublinhar, têm toda a razão nessa matéria), a imagem que ontem passaram não foi má, foi péssima:

Dois agentes apareceram, treze adoeceram, ou seja, houve quem ficasse de baixa e quem rejeitasse o vírus. A união faz a força. A falta dela faz o exato oposto.

- É certo que alguns direitos constitucionais das forças públicas (nomeadamente o da greve) estão restringidos, mas isso não lhes retira a possibilidade de se manifestarem de forma mais assumida, tal como fizeram com bravura e coragem há não muito tempo.

Ver "atestados médicos" de última hora a camuflarem a nobreza das suas verdadeiras motivações custa a digerir, retira peso e empobrece a razão.

- Além disso, uma medida de força assumida por uma força policial, seja ela qual for, não é a mesma do que aquela que assumem, por exemplo, professores, maquinistas ou taxistas.

É que a segurança das pessoas e a manutenção da paz depende de quem jurou cuidar delas. E para lá do juramento, há a questão ética e de responsabilidade social.

Ontem, ao adoecerem, aqueles agentes - hoje já há quem lhes tenha seguido a pisada noutros jogos - foram, é preciso dizê-lo, indiretamente culpados da arruaça que aconteceu.

Opinião pessoal:

- Foi feio, foi mau e evitável, não serviu nada, não beneficiou ninguém e ainda feriu várias pessoas, uma com gravidade.

Quem será responsabilizado pelos inúmeros danos materiais e, sobretudo, físicos que ontem aconteceram nas imediações do Municipal de Famalicão?

Quem bateu? Sim! Quem destruiu e magoou? Claro! E quem permitiu que isso acontecesse? O que lhes acontece?

"Quando o cão morde, a culpa é do cão e de quem tinha a obrigação de lhe pôr a trela."


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