Jogos Olímpicos

Domingos Castro faz retrospetiva da carreira e recorda "um dos momentos mais difíceis"

Em entrevista à SIC Notícias, o ex-atleta olímpico aborda a evolução do atletismo ao longo dos anos e deixa conselhos aos atletas portugueses que estarão presentes nos Jogos Olímpicos de Paris.

SIC Notícias

O antigo atleta português recorda, na Edição da Manhã da SIC Notícia, quando esteve "praticamente com a medalha ao peito", em Seul 88, e explica como em tempos geria as expectativas antes de grandes eventos desportivos. Sobre os Jogos Olímpicos que se avizinham, mostra-se confiante, mas pede aos atletas portugueses que sejam "humildes".

Domingos Castro esteve presente em quatro edições dos Jogos Olímpicos (Seul 88, Barcelona 92, Atlanta 96 e Sidney 00). Fez história no atletismo também ao lado do irmão gémeo, mas acabou por se retirar da carreira desportiva aos 40 anos, devido a uma lesão. 

Agora, já com 60 anos, prepara-se para assistir a mais uma prestação lusa nos Jogos Olímpicos, que este ano se disputam em Paris. 

Em entrevista à SIC Notícias, o antigo corredor afirma que os Jogos Olímpicos “são o patamar mais elevado que um atleta pode atingir na sua carreira desportiva”. 

Recorda com nostalgia a sua primeira aparição olímpica, em Seul 88, onde esteve “praticamente com a medalha ao peito a um ou dois metros da meta”, mas acabou por terminar na quarta posição, um dos momentos que define como “um dos mais difíceis” da carreira. 

“No nosso tempo ainda não tínhamos essas condições"

Destaca que, atualmente, os atletas profissionais “têm todas as condições” necessárias ao seu dispor, algo que não ser verificava quando ainda frequentava as pistas. 

“No nosso tempo ainda não tínhamos essas condições todas que hoje os atletas têm. Eu diria que hoje um atleta de alta competição quase que entra dentro de uma máquina e quando sai do outro lado está totalmente diferente porque os apoios são do mais alto nível”, considera. 

Nota também que, apesar de Portugal ser um país de pequenas dimensões, os atletas de alto rendimento “já têm muitos apoios” e já são “muito evoluídos”.  

Voltando atrás no tempo, recorda a evolução das provas em que foi competindo ao longo dos anos. 

Em Seul 92 participou nos 5.000 metros, em Barcelona 92 correu os 5.000 e 10.000 metros e em Atlanta 96 e Sidney 00 disputou as maratonas.  

Para se preparar para provas de semelhante importância e exigência confessa que se preparou durante anos. 

Acompanhamento psicológico "é fundamental"

Apesar de admitir que o treino físico é indispensável, lembra que o acompanhamento psicológico também “é fundamental, seja qual for a modalidade”. 

Reconhece que da comitiva portuguesa que estará em Paris alguns atletas têm pretensões de atingir os lugares medalhados. No entanto, acredita que esses devem “ser muito bem preparados nessa parte psicológica”. 

“O atleta tem de ir muito bem preparado para qualquer situação que possa acontecer. Que seja humilde, que saiba que estão lá outros atletas que também podem ser medalhados. Era isto que eu fazia no meu tempo: nunca punha a fasquia muito alta, senão o meu sistema nervoso...”, sublinha. 

A "memória fantástica" que fica dos Jogos Olímpicos

Domingos Castro reconhece que a “memória fantástica” que os atletas guardam é o dia da partida para os Jogos Olímpicos, um momento que descreve como “único”. 

A este, soma-se ainda, segundo o ex-atleta, o momento em que entram na aldeia olímpica.  

Por fim deixa uma mensagem a todos os atletas olímpicos portugueses: 

“Não percam o foco quando estão dentro da aldeia olímpica porque, realmente, aquilo é um mundo à parte. Nós convivemos ali com todos os melhores do mundo de todas as modalidades. Nós queremos estar em todo o lado, queremos estar com eles”.  

Portugal será representado por 73 atletas que, a partir de sexta-feira, vão tentar levar, em Paris, a bandeira de Portugal aos lugares mais altos do pódio.  

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