O CoolMitt foi criado nos Estados Unidos, na Universidade de Stanford, conhecida pelos atletas olímpicos medalhados em todas as olimpíadas desde 1912. A experiência e contacto com tantos atletas de alta competição permitiu a investigação e a entrada em campo de tecnologia inovadora.
Trata-se de um dispositivo, usado como uma luva, que ajuda a extrair calor enquanto arrefece o sangue que circula de volta ao coração e aos músculos do atleta. Desta forma, este novo aparelho ajuda a prevenir a hipertermia e evitar que a temperatura corporal atinja um nível considerado perigoso.
"Como sabemos, o calor faz com que as funções musculares sejam diminuídas ou desligadas em alguns casos. É um mecanismo de segurança. É o que impede o corpo de falhar completamente. Sabemos que se estivermos sobreaquecidos, não teremos um desempenho no nível que desejamos ou deveríamos e, portanto, regular o calor e a temperatura central em alguns casos pode ser crítico e vital para um desempenho de alto nível," explica à agência Reuters Tyler Friedrich, diretor do departamento de atletismo da Universidade de Stanford.
Tyler Friedrich trabalha com atletas no campus, incluindo alguns que foram para Tóquio e outros que treinam para os Jogos Olímpicos de Paris, onde se espera um verão mais quente que os anteriores.
Quartos dos atletas em Paris 2024 sem ar condicionado
O Centro Europeu de Previsões Meteorológicas a Médio Prazo estima com grande probabilidade que as temperaturas fiquem acima da média em junho, julho e agosto.
Assim, espera-se que as temperaturas de verão na Europa ultrapassem os recordes de 2023 e, embora seja cedo para uma previsão exata para finais de julho e início de agosto, a agência meteorológica nacional Meteo-France também já indicou que "são mais prováveis condições mais quentes do que o normal".
Não haverá ar condicionado nos quartos dos atletas em Paris 2024, que se comprometeu a acolher os Jogos "mais verdes de sempre", o que significa que os atletas olímpicos terão de prestar mais atenção à temperatura corporal enquanto treinam, recuperam e competem.
O especialista da Universidade de Stanford diz que banhos de gelo e toalhas frias são frequentemente usados por atletas, mas não são necessariamente eficazes.
Um estudo recente sugeriu que mais pesquisas eram necessárias para provar a eficácia das práticas de imersão em água fria.
Como funciona o CoolMitt?
Quando o CoolMitt foi lançado, Friedrich disse que os seus atletas estiveram dispostos a experimentá-lo e notaram a diferença.
"Percebem que, no final da prova, têm tanta energia ou pulam com tanta facilidade como no início", avança o investigador. "Isso é muito importante, tanto para o desempenho psicológico, como também para os resultados e desempenho reais," acrescenta.
"Pode ser muito quente e miserável (em Paris), como foi em Tóquio durante as últimas Olimpíadas", diz à Reuters Craig Heller, professor de biologia da Universidade de Stanford, especializado em regulação da temperatura corporal e co-inventor do CoolMitt.
O aparelho pode ser usado durante intervalos de jogos, entre séries e repetições na academia ou em qualquer pequena pausa no treino ou competição.
“Se você retirar o calor do núcleo do corpo, isso evita que o calor se acumule nos músculos ativos, e eles continuem a trabalhar (…) Então o que o CoolMitt faz é prevenir a hipertermia, o aumento da temperatura corporal a um nível perigoso”, refere Heller.
“O CoolMitt é essencialmente uma grande garrafa térmica. Aqui está um recipiente isolado com água gelada. Nessa água gelada, há uma bobina de cobre que faz arrefecer um fluido que está a circular por esta bomba através de um interface manual que o faz arrefecer. Assim, faz arrefecer o sangue, que está a circular de volta para o coração, então o sangue arterial está descarregar calor neste dispositivo na palma da minha mão e o sangue venoso frio está a voltar para o meu coração. Se eu estivesse a treinar, o fluxo sanguíneo iria preferencialmente para os músculos que estão trabalhar”, explica o professor de Biologia e co-inventor do CoolMeet.
A Universidade de Stanford, situada na área da baía da Califórnia, tem um longo historial de preparação de atletas olímpicos, com pelo menos um medalhado em todas as Olimpíadas desde 1912, diretamente ligado à escola e pelos atletas de Stanford, que ganharam 26 medalhas em Tóquio e 27 no Rio.