Aos 86 anos, Francisco dirigiu a Jornada Mundial da Juventude, desta vez em Lisboa. O Papa, que chegou quarta-feira, foi constantemente saudado pela multidão em euforia com frases de "viva o Papa" e "esta é a juventude do Papa".
O que fica da passagem de Francisco por Portugal? As palavras, obviamente, mas também a resistência, a irreverência, muitas vezes associada à juventude, e muitas fintas à organização do maior evento da Igreja Católica. Mas, acima de tudo, fica a distribuição de carinho pelos fiéis e peregrinos que não arredaram pé para o ver e ouvir.
Num encontro com jovens de todo o Mundo, mostrou uma vez mais que, como latino, gosta do toque e da proximidade com as pessoas. Por diversas vezes pediu para que o percurso definido fosse alterado para passar mais tempo entre os peregrinos.
O sorriso de Francisco
Nos últimos dias muitos peregrinos disseram, emocionados, que o sorriso de Francisco é tudo.
Apesar da saúde frágil, do calor e do cansaço, mais do que justificado, durante a semana, muitos foram os momentos em que o Papa continuou a sorrir e a acenar sempre para aqueles que o aguardavam. Milhares de fiéis e peregrinos.
- A gargalhada e o polegar tantas vezes levantado de Francisco
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“Vossa Santidade deu-nos tanto nestes dias”
Durante a missa de envio, no Parque Tejo, o cardeal-patriarca de Lisboa considerou que esta Jornada Mundial da Juventude será lembrada como "momento decisivo de uma geração que construirá um mundo mais belo e mais fraterno".
Manuel Clemente agradeceu ao Papa a JMJ em Lisboa, sublinhando o significado da palavra "Obrigado".
"Na nossa língua portuguesa, a palavra indica que não só recebemos como nos sentimos levados a retribuir o que nos foi dado. E Vossa Santidade deu-nos tanto nestes dias, com a presença, a palavra e os gestos que generosamente repartiu, que nunca mais deixaremos de lhe retribuir com imensa gratidão e oração constante pela vida, saúde e ministério", acrescentou, apelidando o Papa de "o mais jovem entre os jovens" ali presentes, com uma "frescura (...) que nem a idade nem os problemas de saúde retiram" a Francisco.
Um milhão e meio para ouvir e ver o Papa
Cerca de um milhão e meio de pessoas estiveram no Parque Tejo, em Lisboa, na missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude, presidida pelo Papa Francisco. O mesmo número de pessoas que participaram na vigília, no sábado à noite, também no Parque Tejo, de acordo com as autoridades.
Durante a missa de encerramento da JMJ, Francisco dirigiu-se mais uma vez aos jovens para os questionar. “O que levamos connosco quando regressarmos à vida quotidiana?". A resposta, quis dá-la "em três verbos": "resplandecer, ouvir e não temer". "Não tenham medo", disse Francisco, “olhos nos olhos” aos jovens.
Uma igreja sem porta e de todos
Outra das mensagens fortes foi deixada por Francisco na Capelinha das Aparições, em Fátima, onde o esperavam milhares peregrinos. O Papa rezou o terço com jovens com deficiência e reclusos. No final da oração, dirigiu-se aos fiéis e falou de uma igreja “sem portas”, reforçando assim a mensagem que já tinha deixado em Lisboa, a de uma igreja que acolhe "todos".
“A Capelinha onde nos encontramos constitui uma bela imagem da Igreja, acolhedora, sem portas. A Igreja não tem portas para que todos possam entrar. E aqui, também, podemos insistir que todos podem entrar, porque esta é a casa da Mãe”, disse Francisco, referindo que “uma Mãe tem sempre o coração aberto, para todos os filhos, todos, todos, todos, sem exceção”.
O Papa dos pobres
Francisco é conhecido por não mandar recados por ninguém, em especial quando critica governantes. Por vezes, chega a ser polémico. Adepto de um estilo de vida simples, o “Papa dos pobres” gosta de tango e não esconde a paixão pelo futebol, em especial pelo clube do coração.
Fique a conhecer Jorge Mario Bergoglio, eleito o 266.º Papa da Igreja Católica a 13 de março de 2013. Aquele que se tornou no primeiro Papa nascido no continente americano, o primeiro não europeu em mais de 1200 anos, desde Gregório III, e, também, o primeiro Papa jesuíta da História.
A JMJ, o maior evento da Igreja Católica, que começou na terça-feira e termina este domingo, realizou-se, pela primeira vez, na capital portuguesa.
O anúncio da escolha de Lisboa foi feito em 27 de janeiro de 2019, na missa de encerramento da JMJ na Cidade do Panamá, pelo prefeito do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, Kevin Joseph Farrell. Este dicastério é o organismo do Vaticano que organiza a JMJ com um comité local.
JMJ 2027 em Seul
O Vaticano anunciou, em Lisboa, que a próxima cidade a receber a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) é Seul, capital da Coreia do Sul, em 2027.
Eis uma lista das cidades que já acolheram a Jornada Mundial da Juventude:
1987 - Buenos Aires (Argentina)
1989 - Santiago de Compostela (Espanha)
1991 - Czestochowa (Polónia)
1993 - Denver (EUA)
1995 - Manila (Filipinas)
1997 - Paris (França)
2000 - Roma (Itália)
2002 - Toronto (Canadá)
2005 - Colónia (Alemanha)
2008 - Sydney (Austrália)
2011 - Madrid (Espanha)
2013 - Rio de Janeiro (Brasil)
2016 - Cracóvia (Polónia)
2019 -- Cidade do Panamá (Panamá)
2023 -- Lisboa (Portugal)
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