Jornada Mundial da Juventude

Dia de emoções no encontro do Papa com milhares de peregrinos

No terceiro dia da JMJ, o ponto alto aconteceu durante a tarde, com milhares de jovens, de mais de 180 países, a encherem a Colina do Encontro, para assistirem à cerimónia de acolhimento, presidida pelo Papa. De manhã, Francisco deu “a última pincelada” na ‘capela sistina’ da Scholas Occurrentes.

GUGLIELMO MANGIAPANE

SIC Notícias

Ana Luísa Monteiro

Filipa Traqueia

Lusa

O segundo dia do Papa Francisco em Lisboa, terceiro da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) foi abalado pela morte da peregrina francesa que sofreu um acidente no local onde estava acolhida, tendo o Papa celebrado uma missa na Nunciatura Apostólica, em Lisboa, com a presença de familiares da vítima.

No mesmo local, o líder da Igreja Católica encontrou-se com um grupo de jovens peregrinos da Ucrânia, ouviu as suas histórias e dirigiu-lhes algumas palavras para expressar a sua proximidade, na dor e na oração.

A primeira iniciativa pública do segundo dia de deslocação a Portugal teve lugar na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa. O Papa Francisco foi recebido em êxtase por cinco mil jovens, em que ouviu quatro jovens e abençoou a primeira pedra do novo campus.

Na sua intervenção na Igreja Católica apelou aos jovens que tivessem coragem para "deixar o conforto pessoal" e sejam "protagonistas da mudança".

Inspirado pelo discurso da reitora da Universidade Católica destacou que a Universidade "não existe para se preservar como instituição", mas sim para "responder com coragem aos desafios do presente e do futuro".

A cátedra da Universidade Católica passou a ter um novo nome - dedicado a Francisco e a Clara [de Assis], anúncio que permitiu ao Papa abordar o papel da mulher na economia, sublinhando que "o contributo feminino é indispensável".

Francisco realçou que a "sabedoria" da mulher torna-a "governante da casa, que não tem como benefício imediato, mas beneficia do bem estar físico e espiritual de todos". Deixou, ainda, críticas ao "mercado selvagem e da especulação", apelando aos jovens que, através dos estudos económicos possam "devolver à economia a dignidade que lhe compete".

Ainda durante o período da manhã, o Papa Francisco deslocou-se a Cascais onde visitou Scholas Occurrente e deu "a última pincelada" num mural pintado pelos alunos da escola.

Numa breve conversa com os alunos, o Papa Francisco respondeu a algumas questões dos jovens e elogiou o trabalho feito no "Vida Entre Mundos".

"Esta pintura é uma capela sistina pintada por vós", disse.

O Sumo Pontífice sublinhou, ainda, que o respeito "faz avançar" e leva à expressão "através da ação", tal como o mural dos estudantes, acrescentando que a Scholas Occurrentes permite o "encontro através da caminhada, qualquer que seja a religião".

No fim da visita à Scholas Occurrentes, o chefe de Estado do Vaticano abençoou uma oliveira e ouviu a Cuca Roseta. Daí, seguiu para a Nunciatura Apostólica, em Lisboa, antes de presidir à Cerimónia de Acolhimento, no Parque Eduardo VII.

O ponto alto do dia ocorreu durante a tarde, com milhares de jovens, de mais de 180 países, a encherem o Parque Eduardo VII, rebatizado de Colina do Encontro, para assistirem à cerimónia de Acolhimento da JMJ.

Dirigindo-se aos jovens, o Papa Francisco disse que, "na Igreja, nenhum sobra, nenhum está a mais", e pediu-lhes para não se deixarem enganar pelas ilusões do mundo virtual.

Francisco foi recebido na "Colina do Encontro" em euforia, naquela que foi a primeira vez que, nesta JMJ, usou o papamóvel, num percurso que incluiu a Avenida da Liberdade.

Dezenas de jovens desfilaram com as bandeiras do seu país ao som de "Um dia de sol", música escrita e interpretada por Héber Marques, dos HMB. A fadista Mariza cantou o fado "Foi Deus", de Amália Rodrigues, enquanto os símbolos da JMJ, incluindo a cruz peregrina, eram levadas até ao Papa, assim como o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani.

Pela voz do grupo de Vila Nova e Buba Espinho, o cante alentejano chega ao Papa Francisco. Segue-se uma atuação de Tiago Bettencourt, que canta o tema "Viagem" com grupos de bombos do Fundão.

“Na Igreja há espaço para todos”

Numa mensagem vigorosa dirigida aos jovens peregrinos no Parque Eduardo VII, o Papa Francisco evocou uma Igreja aberta a todos, alertou para os perigos das redes sociais e pediu, mais uma vez, que a coragem tome o lugar do medo.

"Somos amados tal como somos, não como gostaríamos de ser. E é este o ponto de partida para a Jornada Mundial da Juventude. Somos chamados como somos, sem qualquer tipo de maquilhagem", referiu.

Segundo o chefe da Igreja Católica, "jovens e velhos, saudáveis e doentes, justos e pecadores, todos, todos, todos, na Igreja há lugar para todos". Às centenas de milhares de jovens, "todos juntos", pediu que dissessem e repetissem "todos, todos".

Terminou dizendo: "Não tenham medo, tenham coragem, sigam adiante", pedindo aos jovens que gritassem: "Deus ama-nos".

Ao som do hino da JMJ: "Há pressa no ar", o Papa Francisco despede-se da multidão e regressa de papamóvel à Nunciatura Apostólica.

Meio milhão de pessoas assistiram à cerimónia de acolhimento, no Parque Eduardo VII, em Lisboa.

Para amanhã está previsto o Papa Francisco ouvir a confissão de alguns jovens, no Parque do Perdão na Cidade da Alegria, vai visitar o bairro da Serafina, isto durante a manhã, volta à Nunciatura para almoçar com alguns jovens e termina o dia a acompanhar a Via-Sacra como peregrino.

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