Em Portugal há mais de 50 anos como correspondente da Associated Press, Denis Redmont viajou com três Papas em mais de 400 viagens pelo Mundo e esteve com estes nas visitas a Portugal. Agora, convidado da SIC, fala sobre a visita de Francisco, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude, a Lisboa.
Denis Redmont relembra, primeiro, a passagem de Paulo VI a Portugal e refere que todas as visitas papais sempre foram encaradas com surpresa.
"Sempre foram surpresas quando foram anunciadas. A primeira vista de Paulo VI, era correspondente aqui em 1967. As pessoas não estavam prontas. Ao longo dos anos, cada vez que houve anúncio sempre foi uma surpresa", explica.
Nessa visita, o Papa Paulo VI veio para a base aérea de Monte Real, nem passou por Lisboa e foi diretamente para Fátima. Segundo Redmont, ficou um total de 17 horas e tem leitura política, “porque veio no momento da guerra colonial e Portugal não estava sempre de acordo com o Vaticano”.
A respeito de Francisco, Denis Redmont esclarece que “é mais franco e direto”, mas que os Papas, quando estão de pouca saúde, costumam agir assim.
"Francisco faz sempre improvisações, com piadas e humor, falando com o público, ao estilo de Papa João Paulo II", elucida.
Para Redmont, o mundo inteiro assiste e segue o trabalho de “modernização na Igreja” que o Papa Francisco faz. Da mesma forma, refere que o chefe de Estado do Vaticano sabe que é “uma pedra no sapato, tanto no interior como exterior da Igreja”.
“O Papa é símbolo de uma Igreja mais despojada, mais aberta, com uma maior democratização, maior envolvimento de mulheres”, conclui.
Nos últimos tempos, tem havido uma subida de influência portuguesa no Vaticano e, para Denis Redmont, isso tem muito a ver com Tolentino Mendonça.
"Surgiu quando o Papa se encontrou com o futuro cardeal Tolentino quando foi o guia espiritual durante a quaresma. Depois entrou para o Vaticano para trabalhar e depois, pouco a pouco, nasceram os cardeais. Portanto, Portugal é um país mínimo, tem uma população antiga, velha, pouco jovem, mas é aberto, vário, está a ficar cosmopolita com a chegada de estrangeiros", explica.
Num balanço desta Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, Redmont sublinha que “Francisco foi certamente um homem feliz e encontrou todo o tipo de pessoas que gosta”.