A Rússia garante que a Ucrânia já usou mísseis norte americanos de longo alcance contra solo russo. Moscovo diz que conseguiu intercetar cinco mísseis, mas um sexto causou danos em instalações militares. Vladimir Putin reviu, entretanto, a doutrina russa e autorizou o recurso a armamento nuclear, em resposta a ações com armamento convencional. Por tudo isto, "hoje é um mais perigoso" e "não é por acaso que a embaixada dos Estados Unidos decidiu retirar o pessoal e aconselhou os norte-americanos que residam na capital ucraniana a ficar em casa e em abrigos", refere Ricardo Alexandre.
A embaixada dos Estados Unidos em Kiev foi encerrada devido a um possível ataque aéreo em larga escala na capital ucraniana. A informação está a ser avançada pelo Departamento de Assuntos Consulares norte-americano. Terá sido uma medida preventiva. O autarca de Kiev garante que a cidade foi alvo de bombardeamentos e que os sistemas de defesa estavam ativos para tentar destruir os mísseis.
"Hoje é um dia mais perigoso, sobretudo depois de alegadamente a Ucrânia ter atacado a região de Bryansk com mais seis mísseis ou oito mísseis. Os números vão divergindo consoante as fontes, mas depois desse ataque e da Rússia ter prometido uma retaliação significativa, é de esperar um dia mais tenso.
Aliás, não é por acaso que a embaixada dos Estados Unidos decidiu retirar o pessoal e aconselhou os norte-americanos que residam na capital ucraniana, a ficar a ficar em casa e em abrigos porque os Estados Unidos têm informações de que pode haver um 'ataque significativo", foi a expressão utilizada, portanto, é naturalmente um dia mais tenso", explica o comentador da SIC.
Ricardo Alexandre explica que, esta terça-feira, o Presidente russo limitou-se a colocar a assinatura no momento em que entendeu como oportuno, isso tanto podia ser por se assinalarem os 1.000 dias de guerra, como principalmente o facto de Washington ter dado "luz verde" para a utilização por parte da Ucrânia de armas de alcance em território russo, porque a doutrina nuclear russa já estava revista.
"A revisão desta doutrina [nuclear] já tem mais de um mês e o documento estava pronto, faltava assinar, ele escolheu assiná-lo ontem, tornar público essa assinatura ontem, precisamente para criar o efeito que conseguiu criar", realça o comentador da SIC e editor de Internacional da TSF.
A opinião pública ucraniana está cada vez mais cansada da guerra. Ricardo Alexandre dá conta de uma sondagem do Instituto Gallup feita na Ucrânia sobre as perceções em relação à guerra e, nesta altura, mais de metade dos ucranianos dizem que gostariam de ver o país a negociar o fim da guerra o mais rapidamente possível.
"Já são menos do que 40%, 38%, menos de 4 em cada 10, os entrevistados que dizem que a Ucrânia, Ricardo devia lutar até ao fim e é interessante e é interessante a evolução. Em 2022, no ano em que começou a invasão russa em larga escala, 73% dos inquiridos ucranianos acreditava que a Ucrânia deveria continuar a lutar até vencer, esse número cai 10 pontos percentuais no ano seguinte. No ano passado, em 2023, de 73 para 63%, há uma redução de 25 pontos percentuais, de 63 para 38% entre 2023 e 2024", detalha o comentador da SIC.
No entender do jornalista, aquilo que está a acontecer no terreno nesta altura torna mais difícil a posição da Ucrânia, que esperou demasiado tempo pela "luz verde" de Washington e, nesta altura, em termos operacionais e militares, está numa situação mais desfavorável.