O líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigojine, avançou na sexta-feira com uma revolta contra o comando militar da Rússia, que jurou derrubar.
As suas tropas entraram na cidade de Rostov, no sul da Rússia, onde supostamente assumiram o controlo de vários locais militares estratégicos. Prosseguem agora para Moscovo, cidade que já está em alerta máximo, de acordo com as autoridades locais.
O que originou a revolta?
O líder do grupo Wagner tem vindo, há meses, a culpar o exército russo pelas mortes das suas tropas no leste da Ucrânia. Em diversas ocasiões, acusou altas patentes militares de não equiparem de forma adequada os seus mercenários e de retardarem o avanço das tropas devido a questões burocráticas.
Esta sexta-feira, foi a gota de água para Yevgeny Prigozhin. O líder do Wagner alegou que as chefias militares russas ordenaram ataques aos acampamentos que mataram dezenas de mercenários. Moscovo negou todas as acusações.
Durante a noite de ontem, o chefe do grupo paramilitar anunciou que o seu exército tinha cruzado a fronteira russa na região de Rostov, no sul do país, e disse estar disposto a “ir até ao fim” após apelas a uma revolta contra o comando militar russo.
Poucas horas depois, Prigozhin já anunciava que os seus homens tinham conseguido o controlo do quartel-general militar Rostov “sem um tiro”. É nesse quartel que são coordenadas as operações militares na Ucrânia.
Entretanto, as forças do Wagner foram localizadas em outras duas regiões da Rússia, Lipetsk e Voronezh, a primeira fica a 400 quilómetros de Moscovo. Este posicionamento confirma o avanço dos mercenários em direção à capital.
Como está a reagir Moscovo?
A Rússia reforçou a segurança na capital e em várias regiões como Rostov e Lipetsk, onde foi imposto um "regime antiterrorista”. Perante a ameaça, o autarca de Moscovo pediu aos cidadãos para não irem trabalhar na segunda-feira, de forma a minimizarem os riscos.
Este sábado, o Presidente russo, Vladimir Putin já falou ao país, num discurso onde exortou o povo a unir-se contra a o risco de “guerra civil”. Também acusou o mercenários do Wagner de “traição” e prometeu-lhes uma “punição” perante a rebelião.
Os líderes parlamentares da Rússia também pediram ao povo para apoiar o Presidente Putin. Sabe-se também que o líder checheno, Ramzan Kadyrov, anunciou o envio dos seus homens para “locais de tensão”.
Quem são os mercenários do Wagner?
O exército mercenário Wagner é liderado por Yevgeny Prigozhin e composto por homens recrutados em prisões russas, em troca de amnistia. O exército já se terá envolvido em conflitos no Médio Oriente e em África, mas negou sempre a participação.
Foram chamados para a guerra na Ucrânia e, principalmente na zona leste, lideraram imensas batalhas pela Rússia. Por exemplo, foram eles que estiveram na frente de combate, durante meses, em Bakhmut.
Desafio à liderança de Putin?
A revolta militar do grupo Wagner representa um desafio sério à liderança de Vladimir Putin e abre uma crise de segurança na Rússia.
Os líderes mundiais, apesar de se referirem à revolta como um assunto interno da Rússia, têm os olhos postos no território russo.
O Presidente da Ucrânia disse este sábado que está monitorizar o confronto entre Prigozhin e Putin.