Os investigadores russos formalizaram, esta terça-feira, a acusação de terrorismo contra a jovem Darya Tryopova. A acusação surge na sequência do ataque num café em São Petersburgo que matou o blogger militar pró-russo Vladlen Tatarsky.
A investigação acusa a jovem, de 26 anos, de ter cometido “um ato terrorista em nome de um grupo organizado" e que causou uma ”morte intencional", refere a agência Reuters.
Questionada pela polícia sobre quem lhe entregou a bomba, Darya Tryopova, que os investigadores apresentaram como uma cidadã russa e ativista do Fundo Anticorrupção de Navalny, ilegalizado na Rússia desde 2021, disse apenas que explicaria isso “mais tarde”.
Saliente-se que da explosão, além da vítima mortal resultaram 32 feridos, oito deles em estado grave.
Moscovo responsabiliza a Ucrânia
O Kremlin avançou desde logo que o ataque contou com apoiantes de Alexei Navalny, principal opositor do Presidente russo, Vladimir Putin.
"[O ataque] foi planeado pelos serviços secretos da Ucrânia, que recrutaram agentes entre os que colaboram com o chamado Fundo Anticorrupção Navalny", garantiu esta segunda-feira o Comité Antiterrorista da Rússia.
Também o porta-voz do Presidente russo denunciou o que designou de "ato de terrorismo”.
No entanto, no domingo, numa declaração publicada na rede social Twitter, um funcionário da Presidência ucraniana, Mykhailo Podoliak, negou qualquer envolvimento da Ucrânia no atentado, sublinhando acreditar tratar-se de um ato de "terrorismo interno" face às rivalidades prevalecentes dentro do regime russo.
Quem era Vladlen Tatarsky, o blogger pró-Putin
Tinha 40 anos e era natural do Donbass, região do leste da Ucrânia que está no centro do conflito. Vladlen Tatarsky deslocava-se com frequência à frente de combate do lado russo e tinha mais de meio milhão de seguidores no seu canal na plataforma Telegram.
Segundo a imprensa russa, Tatarsky tinha sido preso na Ucrânia em 2011, aparentemente por um assalto, sem que tivessem sido avançadas mais informações. Mais tarde, em 2014, na sequência dos confrontos desencadeados no leste da Ucrânia por separatistas liderados por Moscovo, o apoiante de Putin conseguiu fugir da prisão para se juntar aos combatentes.
Em 2019 deixou as forças separatistas, segundo o diário Kommersant, para se destacar, a partir daí, como blogger.
Em setembro de 2022, numa receção no Kremlin, Tatarsky comemorou de forma efusiva a anexação unilateral de quatro regiões ucranianas - Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia - com palavras que, contudo, chocaram os presentes.
"Vamos derrotar todos, vamos matar todos, vamos roubar todas as pessoas de que precisamos, tudo será como queremos", afirmou então perante as câmaras.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).