Guerra Rússia-Ucrânia

SIC na Ucrânia: sobreviver entre ruínas

"Estou tão zangado que não tenho espaço para o medo. Não é hora de ter medo, só raiva", conta à SIC Lev, de 82 anos.

SIC Notícias

Na zona nordeste de Kharkiv há uma gigantesca zona residencial que está hoje praticamente vazia, depois de atingida sistematicamente pelos russos, que estão a menos de 20 quilómetros de distância.

Em Saltivka já morou meio milhão de pessoas, mas agora são raras as que se veem nas ruas. Os enviados especiais da SIC foram tentar perceber como ainda se sobrevive entre ruínas.

Olga e o marido são rostos raros em Saltivka.

“Comprei na altura em que o bairro estava a ser renovado, em que estavam a fazer os parques, os passeios, remodelaram os pequenos quiosques, era uma zona muito calma, muito tranquila, com muitas famílias”, conta a antiga moradora.

Entre as ruínas, poucos se atrevem a sobreviver. A equipa da SIC encontrou um homem que vive sozinho num andar intacto de um prédio de nove andares. É o último.

Aos 82 anos, Lev recusa ir ter com a mulher e os filhos que vivem em zona mais tranquila de Kharkiv. Não quer abandonar sua casa.

“Nunca saí daqui, estou aqui até hoje. Estou tão zangado que não tenho espaço para o medo. Não é hora de ter medo, só raiva”, contou à SIC.

Na rua, os enviados da SIC encontraram Tatiana, com os números de telemóvel do filho e da nora à mão.

“Uso isto desde o princípio da guerra, quando eles atingiram o meu prédio, se me acontecer alguma coisa, estes são os números do meu filho e da minha nora, porque o meu telemóvel pode estragar-se, o meu filho está a lutar na guerra e a minha nora a viver em Kharkiv”.

Testemunhos de quem vai sobrevivendo entre ruínas de uma guerra.

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