Guerra no Médio Oriente

Irão diz que sanções dos países ocidentais são injustificáveis

Desde um embargo sobre armas até medidas económicas, as severas sanções foram restabelecidas no sábado, após um aval do Conselho de Segurança da ONU na sequência do fracasso das negociações sobre o programa nuclear do Irão.

Lusa

O Irão denunciou este domingo como "injustificável" o retomar das sanções das Nações Unidas (ONU) contra o país, dez anos após a sua suspensão, devido a divergências com os países ocidentais sobre o seu programa nuclear.

Desde um embargo sobre armas até medidas económicas, as severas sanções foram restabelecidas no sábado, após um aval do Conselho de Segurança da ONU na sequência do fracasso das negociações, apesar de o trio europeu - Alemanha, França e Reino Unido - assim como os Estados Unidos, assegurarem que isso não significa o fim da diplomacia.

"Sempre declarámos disponibilidade para um diálogo racional, justo e equitativo baseado em critérios claros, mas nunca aceitaremos uma negociação que nos cause novos problemas e dificuldades", reagiu o Presidente iraniano, Massoud Pezeshkian, que no sábado afirmou que os Estados Unidos exigiram que o Irão entregasse "todo" o urânio enriquecido em troca de uma prorrogação de três meses da suspensão das sanções, qualificando esse pedido de "inaceitável".

Moeda iraniana alcança mínimo histórico

A moeda nacional iraniana, o rial, atingiu um valor mínimo histórico face ao dólar após o anúncio das sanções, segundo sites de acompanhamento das taxas de câmbio: um dólar era trocado, de acordo com a taxa informal no mercado negro, a cerca de 1,1 milhões de riais, contra cerca de 900.000 no início de agosto.

O ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros denunciou o regresso de sanções "injustificáveis e ilegais", já depois de ter chamado a Teerão os seus embaixadores nos três países europeus.

De acordo com a AIEA, o Irão é o único país sem armas nucleares a enriquecer urânio a um nível elevado (60%), próximo do limiar técnico de 90% necessário para a fabricação de uma bomba atómica.

Teerão nega ter ambições militares, mas insiste no seu direito ao nuclear para fins civis, nomeadamente para produzir eletricidade.

O acordo nuclear (JCPOA, sigla inglesa para Plano de Ação Conjunto Global) celebrado em 2015 entre o Irão e as grandes potências limitava essa taxa a 3,67%.

De acordo com a AIEA, o Irão dispõe de cerca de 440 quilos de urânio enriquecido a 60%, um stock que, se fosse enriquecido até ao nível de 90%, permitiria ao país dotar-se de oito a dez bombas nucleares, segundo especialistas europeus.

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