Mundo

Irão ameaça com "resposta firme e apropriada" após restabelecimento de sanções

As sanções da ONU contra o Irão foram restabelecidas às 00:00 TMG (01:00 em Lisboa), após o fracasso das negociações sobre o programa nuclear de Teerão com os países ocidentais.

Sir Francis Canker Photography

Lusa

O Irão ameaçou este domingo com "uma resposta firme e apropriada" ao restabelecimento das sanções da ONU relacionadas com o seu programa nuclear, após uma suspensão de 10 anos, aconselhando os países a não as aplicarem.

"A República Islâmica do Irão defenderá resolutamente os seus direitos e interesses nacionais, e qualquer ação que vise prejudicar os interesses e direitos do seu povo será respondida com firmeza e apropriada", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, em comunicado.

As sanções da ONU contra o Irão foram restabelecidas às 00:00 TMG (01:00 em Lisboa), após o fracasso das negociações sobre o programa nuclear de Teerão com os países ocidentais.

As sanções, que podem passar por um embargo de armas e chegar a medidas que afetem a economia, foram restabelecidas após 10 anos de suspensão, o que Teerão considerou "injustificável", apelando a todos os países para que não as apliquem.

"A reativação das resoluções revogadas é legalmente infundada e injustificável (...) todos os países devem abster-se de reconhecer esta situação ilegal", referiu a diplomacia iraniana no comunicado hoje divulgado.

Reino Unido, França e Alemanha, odenominado grupo "E3" - os três estados europeus que têm estado a negociar com Teerão o regresso das inspeções pela Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) -, e os Estados Unidos garantiram que o reinício das sanções não significa o fim da diplomacia.

EUA apelam que Teerão "aceite discussões diretas, de boa-fé"

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, aconselhou Teerão a aceitar "discussões diretas, de boa-fé", ao mesmo tempo que pediu a todos os Estados para aplicarem "imediatamente as sanções para exercer pressão" sobre o Irão.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros britânico, francês e alemão garantiram, num comunicado conjunto, que continuarão a procurar "uma nova solução diplomática que garanta que o Irão nunca se dote de armas nucleares", apelando a Teerão "para que se abstenha de qualquer ação que implique uma escalada" do conflito.

As sanções foram restabelecidas na sequência de acusações ao Irão de que não coopera com a AIEA e não cumpre os compromissos de limitação do programa nuclear previstos no acordo alcançado em 2015.

O acordo, que limitava o programa iraniano, foi abandonado pelos Estados Unidos em 2018, sendo que o Irão acusa os "E3" de não cumprirem a sua parte do compromisso.

As resoluções da ONU visam conter o enriquecimento de urânio e o programa de mísseis iraniano e autorizar inspeções de aviões e navios da República Islâmica, bem como o congelamento de ativos económicos iranianos em todo o mundo e proibições de viagens a indivíduos e entidades. Teerão defende que estas sanções da ONU deveriam ser "focadas na não-proliferação nuclear e militar" e não na economia.

Teerão "nunca procurou nem procurará" obter armas nucleares

Na intervenção feita na sexta-feira no debate geral da Assembleia Geral das Nações Unidas, o Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, reiterou que Teerão "nunca procurou nem procurará" obter armas nucleares, rejeitando as acusações ocidentais.

Israel e os Estados Unidos bombardearam em junho as instalações nucleares iranianas, visando atrasar o enriquecimento por Teerão de urânio com teor suficiente para produção de armas nucleares.

A campanha de bombardeamentos teve o seu ponto alto a 22 de junho, quando a Força Aérea e a Marinha norte-americanas atacaram as três mais importantes instalações nucleares iranianas: as centrais de enriquecimento de combustível de Fordow e Natanz e o Centro de Tecnologia Nuclear de Isfahan.

O resultado do ataque não é consensual, com os governos norte-americano e israelita a reivindicarem uma destruição do programa nuclear iraniano, e outras fontes a darem conta de apenas um atraso ligeiro, de alguns meses, até Teerão dispor de urânio para bombas atómicas.

O Irão já está sujeito a inúmeras sanções dos EUA que limitam a capacidade do país de negociar com outros países e, especialmente, vender petróleo, gás e derivados.

Últimas