O Hamas deverá libertar 33 reféns (crianças, mulheres e homens com mais de 50 anos, feridos e doentes) na primeira fase do novo acordo de cessar-fogo, segundo a agência Reuters, que cita fontes israelitas e palestinianas.
Para o jornalista Rui Cardoso, o "grande paradoxo" é " o porquê agora?":
"Conforme o presidente Biden sublinhou, esta é rigorosamente, salvo pormenores, a proposta que ele apresentou há uma série de meses. Portanto, se é aprovada agora, porquê é que não foi aprovada anteriormente? Essa é a grande questão", referiu.
O jornalista, citando a imprensa israelita, sublinhou que existiram "esforços de última hora" por parte dos ministros mais extremistas do governo de Netanyahu, sobretudo o ministro das Finanças, Smotrich, e Ben Gvir para "tentar travar o acordo de cessar fogo com Hamas".
"Agora vamos ver o que é que acontece e [perceber] se, de facto, o governo de Netanyahu está equilibrado ou à borda do abismo", alertou Rui Cardoso.
Embora Netanyahu já tenha dito que não tem medo das pressões internacionais, o jornalista acredita que há uma coisa que realmente assusta o primeiro-ministro de Israel: os cemitérios militares israelitas.
O que já se sabe sobre o projeto de acordo de cessar-fogo?
A agência Reuters refere que asta primeira fase durará 60 dias. Se decorrer como previsto, ao fim de duas semanas deverão arrancar as negociações para a segunda fase e para a libertação dos restantes reféns - homens mais jovens e militares capturados pelo Hamas.
O rascunho do acordo, prevê que, em contrapartida, Israel liberte mais de mil prisioneiros palestinianos, incluindo alguns que estão a cumprir penas longas por terem participado em ataques. Fica excluída a libertação de qualquer membro do Hamas que tenha participado no ataque de 7 de Outubro.
Quanto ao cessar fogo, está prevista uma retirada faseada das tropas israelitas, mantendo-se a presença junto à fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel.
Serão definidos acordos de segurança para o Corredor de Filadélfia, na zona que faz fronteira com o Egito e que é controlada por forças israelitas e a passagem de Rafah irá ser retomada gradualmente para permitir a saída de doentes que precisem de receber tratamento. Está também previsto um reforço significativo da entrada de ajuda humanitária.