Governo

"Jovem turco cowboy do teclado" pede para sair, Costa rejeita

O título foi atribuído pelo ex-líder do CDS a João Galamba pelos recorrentes tweets polémicos. Recorde o percurso deste “jovem turco” que quis sair do Governo, mas António Costa impediu-o.

MIGUEL A. LOPES/Lusa

Ana Lemos

Podiam ter terminado esta terça-feira os cinco anos de João Galamba no Governo. Aos 46 anos, o “alfacinha de gema” quis abandonar o Executivo, apenas quatro meses depois de ter assumido o lugar deixado vago pelo amigo Pedro Nuno Santos, mas Costa não deixou.

A confirmar-se a saída de Galamba, a pasta das Infraestruturas voltaria a ficar órfã por causa das polémicas que surgiram com a comissão parlamentar de inquérito à TAP.

Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, foi em Londres, mais concretamente na London School of Economics, que concluiu a parte letiva do Doutoramento em Ciência Política, e onde lecionou Filosofia Política no departamento de Government.

No seu percurso profissional, de acordo com o site do Governo, fazem parte passagens pelo Banco Santander de Negócios, pela consultora DiamondCluster International, mas também pela Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia e pela Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados.

No regresso à cidade natal depois de ter trabalhado como consultor fora do país, em 2009 chega ao Parlamento nos tempos de José Sócrates, sendo deputado na XI, XII e XIII Legislaturas. No seio socialista foi coordenador dos deputados do Partido Socialista (PS) na Comissão de Orçamento e Finanças e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS.

Chegou ao Governo em 2018 como secretário de Estado da Energia do ministro do Ambiente e da Transição Climática, João Pedro Matos Fernandes, no XXI Governo. Em 2019, no XXII Governo, é nomeado secretário de Estado Adjunto e da Energia, mantendo-se sob a tutela de Matos Fernandes.

Em março de 2022, com a saída de Matos Fernandes, a pasta do ambiente e Ação Climática passa para as mãos de Duarte Cordeiro e João Galamba assume a Secretaria de Estado do Ambiente e da Energia até 4 de janeiro deste ano, quando foi nomeado ministro das Infraestruturas, após a não menos polémica saída de Pedro Nuno Santos.

O jovem turco “comboy do teclado”

Foi um dos jovens políticos mais ativos em blogues como a Câmara Corporativa e nas redes sociais, como destaque para o Twitter, onde ficou conhecido por ter tido intervenções "corrosivas”.

João Galamba faz parte do grupo dos “jovens turcos”, os trintões que apoiaram António Costa contra António José Seguro e alinham ideologicamente na ala esquerda do PS. Deste núcleo de quatro socialistas - Pedro Delgado Alves, Duarte Cordeiro, João Galamba e Pedro Nuno Santos - três foram ministros mas um deles demitiu-se.

Além dos famosos e polémicos tweets, que levaram o ex-líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, a designar Galamba de “comboy do teclado”, que “destila ódio nas redes sociais”, na história do ex-governante consta também o aviso por SMS que, em 2014, quando era deputado do PS fez a José Sócrates. Em causa estaria “qualquer coisa contra ele”. O quê? A Operação Marquês, que ainda hoje é notícia.

Mais recentemente, já enquanto secretário de Estado foi um dos alvos de uma investigação do Ministério Público relacionada com o projeto do hidrogénio verde em Sines, que colocou tanto Galamba como Pedro Siza Vieira - à data ministro da Economia - sob suspeita de "indícios de tráfico de influências e de corrupção, entre outros crimes económico-financeiros". Até hoje, conta o Expresso, não se ouviu falar mais desta investigação.

[Nota de redação: texto atualizado às 21h15 após recusa do primeiro-ministro perante pedido de demissão de João Galamba]

Últimas