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António Costa quebra o silêncio sobre caso Galamba: “Deu, e bem, o alerta para o roubo do computador”

O primeiro-ministro pronunciou-se pela primeira vez sobre a polémica no Ministério das Infraestruturas para validar a decisão de acionar o SIS para o que classifica como “roubo” de um computador por Frederico Pinheiro.

Primeiro-ministro, António Costa.
TIAGO PETINGA

Carolina Botelho Pinto

SIC Notícias

O primeiro-ministro falou esta segunda-feira pela primeira vez sobre o polémico caso Galamba. Em resposta ao Observador, António Costa validou a atitude do Ministério das Infraestruturas ao dar o alerta para o “roubo” do computador pelo ex-adjunto Frederico Pinheiro e revelou que “não foi, nem tinha de ser” informado sobre a atuação do SIS.

O Ministério de João Galamba “deu — e bem — o alerta pelo roubo do computador com documentos classificados”, considerou António Costa, referindo-se à deslocação de Frederico Pinheiro ao Ministério das Infraestruturas para ir buscar o computador de trabalho, depois de ter sido informado da sua exoneração.

Recorde-se que o SIS foi alertado pelo gabinete do ministro João Galamba, assim como a Polícia Judiciária, mas quem foi a casa de Frederico Pinheiro foi mesmo o SIS, depois de um contacto telefónico em que aquele foi informado de que o computador poderia ter informações sensíveis.

No telefonema, ficou combinado que alguém do SIS iria a casa do ex-adjunto de João Galamba, o que aconteceu logo de seguida. Frederico entregou o computador na presença de testemunhas.

Para António Costa, “as autoridades agiram em conformidade”.

À RTP, o primeiro-ministro acrescentou que se trata de um “caso inadmissível” e reforçou que o “ministro fez o que tinha de fazer”.

“Ninguém no Governo deu ordens ao SIS para fazer isto ou aquilo. O SIS agiu em função do alerta que recebeu”, revelou ainda António Costa.

O primeiro-ministro fez ainda saber que falará com o ministro João Galamba pessoalmente esta terça-feira.

Frederico Pinheiro pretendia devolver o computador

Na noite de quarta-feira, depois de levar o portátil do Ministério, Frederico Pinheiro enviou um e-mail a João Galamba a dizer que pretendia devolver o computador mal tivesse acesso à informação armazenada. Fonte do Ministério disse à SIC que, por essa altura, já o SIS e a PJ estavam envolvidos na caça ao computador.

Frederico Pinheiro confirmou à SIC que um dos documentos guardados no portátil era o Plano de Reestruturação da TAP, ficheiro que conhecia por acompanhar o dossier da transportadora aérea nacional há quatro anos e que só por sua sugestão foi classificado pelo Gabinete Nacional de Segurança, em março deste ano, antes de ser disponibilizado à comissão parlamentar de inquérito.

Entretanto, o ex-adjunto do ministro das Infraestruturas anunciou esta segunda-feira que está disponível para prestar esclarecimentos à comissão parlamentar de inquérito sobre a TAP.

A versão do Ministério

Na sexta-feira, o Ministério das Infraestruturas fez chegar à redação da SIC uma cronologia da sua versão dos factos ocorridos na quarta-feira, no Ministério das Infraestruturas, envolvendo Frederico Pinheiro.

Neste documento, são revelados pormenores sobre a noite de 26 de abril, quando Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro João Galamba, se dirigiu às instalações do Ministério das Infraestruturas para levantar o computador de trabalho, pouco tempo depois de ter sido informado que tinha sido exonerado.

O texto acusa o então adjunto do ministro João Galamba de ter desferido socos nas pessoas que o rodeavam e de fugir pelas escadas do edifício. As portas do Ministério foram fechadas e a polícia foi chamada.

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