Facto Político

Cotrim Figueiredo: “A IL não irá apoiar a prisão perpétua na Constituição”

Contados quase todos os votos, a Iniciativa Liberal abre a porta a uma revisão constitucional com a direita, mas sem a prisão perpétua que o Chega quer. A ideia vem para debate depois de um resultado eleitoral que “não satisfaz”.

Diogo Teixeira Pereira

Os dias que antecederam as eleições de 18 de maio foram de grande aproximação da Iniciativa Liberal ao governo de Luís Montenegro. Dentro do partido havia já quem fizesse contas aos ministérios que os liberais poderiam ocupar, mas Cotrim Figueiredo assume que este não é um resultado que o satisfaça. É verdade que houve um crescimento na representação parlamentar, mas “a IL é um partido exigente e não faz como outros que mesmo quando decrescem acham que há justificações. Apesar de termos crescido, para nós é insuficiente”.

Ainda com os estudos pós-eleitorais em produção, o eurodeputado liberal não quer arriscar uma justificação para o crescimento abaixo das expectativas, respondendo apenas com uma frase lacónica à possibilidade de a excessiva colagem à AD poder ter dado um contributo: “É uma tese interessante”.

Esta foi a primeira eleição em que a Iniciativa Liberal baixou o número de votos face às eleições anteriores em que participou. Nesta entrevista ao Facto Político, o antigo presidente dos liberais recusa a ideia de que a marca “Cotrim” valha mais do que a marca “Rocha”: “As Europeias são diferente, têm um ciclo único e o quadro de concorrentes não era o melhor que a democracia tinha para oferecer”.

Para já, não antecipa convulsões na cúpula do partido: “Rui Rocha foi eleito há quatro meses e estamos a entrar num ciclo exigente de autárquicas e presidenciais”, mas fica o aviso: “O partido, na tal exigência que o caracteriza, vai olhar para isto muito a sério”.

Constituição não é um “documento inspirador do povo”

A Iniciativa Liberal acaba por dominar a agenda política na semana imediatamente a seguir às eleições com uma proposta de Revisão Constitucional. Para Cotrim de Figueiredo este é tempo oportuno porque “já se conhece o essencial da composição parlamentar e ainda não é altura de discutir políticas”. Precisamente no que diz respeito ao novo arranjo parlamentar, destaca a “maioria qualificada no espetro à direita do parlamento” como gatilho para pôr este tema em discussão.

Como principal prioridade para os liberais estão os limites à atividade privada em campos em que se define o estado como principal prestador de serviços, nomeadamente a saúde e a educação: “Parece que os constituintes acham que é possível plasmar na constituição um modelo de sociedade que impõem a todas as gerações vindouras. Isto é profundamente antidemocrático”.

Com a negociação das alterações a desviar-se para o lado direto da Assembleia da República, Cotrim deixa já uma garantia: “A IL não irá apoiar a previsão da Prisão Perpétua na Constituição”.

Todas as semanas, um Facto Político é analisado por um protagonista da atualidade. Entrevistas diretas ao centro das questões que dominam a vida política nacional. Ao sábado, na SIC Notícias, com o jornalista Diogo Teixeira Pereira.

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