André Ventura diz que a saída de Augusto Santos Silva do Parlamento é um “símbolo da humildade sobre a arrogância", lembrando o que considera terem sido “ataques persistentes” ao Chega. O presidente do partido destaca o resultado “histórico” das eleições legislativas nos círculos da emigração, que superou “largamente” as expectativas.
A “frustração” dos emigrantes perante o “fracasso”
Perante os votos dos emigrantes portugueses que dão a eleição ao Chega de dois dos quatro deputados, Ventura começa por agradecer “a quem partiu” mas não se esqueceu da “frustração que o sistema português criou”.
“Votaram pela mudança e sinalizaram os erros que o PS e o PSD cometeram”, afirma.
Para Ventura, os emigrantes decidiram, com “justiça e firmeza", que querem um ”país diferente".
Destacando o resultado “histórico” nos círculos da emigração, o líder do Chega realça que os emigrantes, “melhor que ninguém”, conhecem as razões do “fracasso” de Portugal na saúde, na habitação, nos impostos e na corrupção.
Santos Silva fora? “É uma vitória da humildade sobre a arrogância”
O presidente do Chega considera que a vitória sobre Augusto Santos Silva é “particularmente importante”, considerando-a um “símbolo da humildade sobre a arrogância” e da “democracia sobre a cegueira ideológica”.
Face àquilo que considera “ataques persistentes” ao Chega, Ventura refere que os eleitores passaram uma mensagem “clara”: não querem Santos Silva no Parlamento, muito menos como presidente.
“Livrou-nos de um ativo tóxico do socialismo”, acrescenta.
50 deputados de Chega? É o “fim do bipartidarismo”
Em declarações aos jornalistas, o líder do partido de extrema-Direita realça que os resultados destas eleições legislativas “ultrapassam largamente" os de outros partidos que, em 50 anos de democracia, tentaram “fazer frente ao PS e PSD”.
“Tirando o PS e o PSD, nenhum outro partido alcançou os 50 deputados em Portugal”, destaca.
Os resultados assinalam, para André Ventura, o “fim do bipartidarismo” em Portugal e uma “nova era” que “deve combinar os três maiores partidos como forças dominantes da Assembleia da República”.
O Chega “tudo fará”, garante Ventura, para que não se desperdicem “quatro anos de uma maioria”.
“É a primeira vez em muitas décadas que a Direita tem uma maioria tão expressiva."
E se não existir acordo entre Chega e AD?
Ventura aproveita para “apontar o dedo” a Luís Montenegro:
“Aqueles, que insistindo no seu ego, arrogância e ignorando o voto dos portugueses, serão eles os causadores de toda a instabilidade que o país possa vir a viver.”
O responsável informa que o Chega “já deu indicação de matérias importantes”, como o suplemento às forças de segurança, a recuperação do tempo de serviço dos professores, a redução dos impostos ou uma reforma na justiça.
Estas matérias terão “luz verde para avançar”, mesmo sem acordo de governação ou orçamental, garante André Ventura.
Se não existir acordo, o Chega diz que vai trabalhar “com humildade” com os deputados eleitos. E garante estar disponível para “avançar e trabalhar”, mesmo sem acordo, nas “matérias urgentes”.
Para o partido, há uma “evidente aproximação” do PS ao PSD, o que, para Ventura, reforça o papel do Chega como líder da oposição.
Orçamentos retificativo e do Estado
Um orçamento retificativo? Seria recebido pelo Chega sem surpresa, uma vez que o orçamento foi “catalogado" como um dos piores de sempre. Ventura garante estar aberto a “avaliar e viabilizar” um orçamento retificativo, desde que “três ou quatro pontos” importantes esteja corrigidos.
Sobre o Orçamento do Estado, diz que “não há possibilidade” de o viabilizar sem acordo. “Terá de procurar essa maioria no PS”, declara.