O presidente do CDS, Nuno Melo, já veio dar o dito por não dito, mas só porque o tema não faz parte do acordo da Aliança Democrática (AD) e, por isso, “não é tema para a próxima legislatura”.
“Ele [Paulo Núncio] não disse nada disso. Ele disse uma afirmação de grande respeito democrático, disse que o resultado de um referendo só pode ser alterado por outro referendo. Este tema não é um tema que conste do acordo de coligação, e não é tema para a próxima legislatura”, garantiu Nuno Melo.
Só que Paulo Núncio, vice-presidente do CDS e candidato a deputado na lista da AD por Lisboa, defendeu mesmo a repetição do referendo que descriminalizou o aborto em Portugal há 17 anos. As declarações tiveram lugar num debate, em Lisboa, promovido pela Federação Portuguesa pela Vida.
O tema marcou o dia de campanha e chegou até ao Presidente da República, que contornou a questão. Dos outros partidos, no entanto, choveram críticas.
Pedro Nuno Santos acusa a AD de procurar um regresso ao passado. Rui Tavares, por sua vez, diz que "a Direita atira-nos para o passado e quer reabrir debates que já foram encerrados". Já Paulo Raimundo diz não querer contrariar uma "grande vitória das mulheres e do país", referindo-se à Lei do Aborto.
À Direita, tanto Chega como Iniciativa Liberal mostraram-se contra a ideia do referendo.
“Enquanto eu for presidente, o Chega não promoverá o regresso de uma lei que já não funcionava muito bem”, garante André Ventura, enquanto Rui Rocha não quer "um país em que mulheres são perseguidas".
Posições à parte, o que conta é a Lei e a portuguesa permite, desde 2007, a interrupção voluntária da gravidez por opção da mulher até às 10 semanas de gestação.