O Bloco de Esquerda (BE), em dia de aniversário da fundação, viu a sua agenda a ser engolida pelos temas da atualidade, numa arruada esta quarta-feira à tarde em Loures.
Mariana Mortágua vinha pronta para abraços, beijinhos e promessas de solução no ambiente e nas pensões, mas houve um balde de tinta a desviar o curso do BE, partido que já esteve ligado aos protagonistas do extremismo climático.
“Não há pessoas do Bloco de Esquerda ligadas a este tipo de movimento. […] O debate democrático faz assim mesmo, com clareza, e o Bloco e Esquerda repudiou desde o primeiro momento este tipo de ações”, afirma Mariana Mortágua.
Num dia que tinha tudo para correr bem, o BE vinha à rua à procura de mobilização, sem saber que afinal bastava-lhe cavalgar pela passadeira estendida pelo coração da AD.
Já de véspera, Joana Mortágua sugeria que a direita se preparava para um regresso ao passado.
“Essa direita perdeu, perderam. A sociedade ganhou ganharam as mulheres. Acredito que se criou um consenso inviolável na sociedade portuguesa. E essa grande conquista da sociedade, das mulheres, não volta atrás”, acrescenta.
Para já, o BE prefere não dramatizar, mas vai dizendo que é preciso ir além do que já foi feito e estender o prazo legal para interromper a gravidez até as 12 semanas.
“É o prazo que é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é o prazo que é recomendado pelo consenso médico e científico, é o prazo que garante segurança para as mulheres”, defende Mortágua.
É quase um regresso à origem, pois foi precisamente o aborto a agregar a esquerda que é BE há 25 anos.