A pé ou em tanques blindados, as tropas iraquianas apoiadas por contingentes estrangeiros avançam.
"Adoro este som", confessa o tenente Ahmed, debaixo do fogo de mísseis lançados pelos helicópteros sobre posições do Daesh. O militar encontra-se numa colina perto da vila de Al-Bousseif, reconquistada após o lançamento da ofensiva sobre o oeste de Mossul, domingo passado.
Cânticos patrióticos ouvem-se vindos de uma ambulância blindada do exército federal iraquiano. O véiculo pára bruscamente: um drone que se suspeita ser do Daesh sobrevoa a zona. Os soldados tentam em vão abatê-lo disparando na sua direção. Os jihadistas utilizam muitas vezes estes equipamentos voadores que fabricam artesanalmente para lançar granadas.
Veículos blindados avançam lentamente, percorrendo as marcas no chão de outros pneus para evitar eventuais engenhos explosivos deixados pelos jihadistas antes da sua fuga.
Khirbeh, a última vila que está entre Al-Bousseif e o aeroporto está vazia. Os habitantes foram obrigados a fugir perante a incessante troca de tiros entre as forças iraquianas e os jihadistas.
As portas em ferro das casas estão deformadas pela força dos bombardeamentos, há animais mortos pelas ruas. Os helicópteros lançam mísseis: "têm na mira possíveis carros armadilhados do Daesh", explica um soldado, no mesmo momento em que uma explosão desencadeia um incêndio que provoca um espesso fumo negro.
A polícia federal procura engenhos explosivos no terreno enquanto os bulldozers avançam para irem limpando os escombros da estrada. Logo que fica transitável, avançam os veículos blindados das Forças de Intervenção Rápida do Ministério do Interior iraquiano. A entrada do aeroporto está cada vez mais próxima.
No caminho, os veículos passam por um corpo queimado de um combatente do Daesh caído ao lado do seu motociclo.
Uma bomba explode mas não faz vítimas. A partir dos Humvees, soldados metralham na direção de uma antiga fábrica. "Há snipers no interior", grita um soldado, enquanto os outros se abrigam nos veículos blindados.
As armas calam-se e o comboio de blindados retoma a direção do aeroporto. Que não é mais do que um edifício reduzido a escombros e uma pista de aterragem dificilmente reconhecível.
"Os terroristas começaram a destruir antes do início da operação" pela reconquista de Mossul a 17 de outubro, afirma o general de brigada Abbas al-Juburi.
Esta paisagem desoladora não impede os soldados de imortalizar o seu avanço posando para autorretratos em frente aos blindados ou com objetos deixados pelos terroristas, como a bandeira negra.