O antigo ministro da Economia Manuel Pinho, condenado por crimes de corrupção passiva, fraude fiscal e branqueamento, reconhece que Luís Montenegro enfrenta uma situação “extremamente difícil”, mas rejeita paralelismos com o caso em que foi julgado.
“Não vejo nenhum paralelo. Não recebi nenhuma avença nem prestei serviços ao BES desde que fui nomeado [para o Governo]. Recebi verbas que me eram devidas ao tempo em que trabalhava no BES”, afirma, em entrevista à SIC Notícias.
O antigo governante esclarece que, quando foi convidado para integrar o Executivo, em 2005, terminou a relação que mantinha com o BES, tendo recebido, mais tarde, valores devidos à altura em que ainda estava no banco.
“Em vez de pedir a suspensão da minha relação com o BES, decidi terminá-la e havia contas a fazer. (...) O tribunal diz que não tinha direito a receber o prémio.”
Os negócios de Luís Montenegro
No Parlamento, Luís Montenegro garantiu na quarta-feira que nunca recebeu um cêntimo de grupos privados desde que foi eleito presidente do PSD.
"Não acumulei coisa nenhuma. Eu não recebi um cêntimo sequer, um cêntimo sequer de ninguém e não desde que sou PM. É desde que fui eleito presidente do PSD. Eu não sou nem fui avençado de ninguém neste período. Não houve nenhuma acumulação, eu nunca violei o meu dever de estar em exclusividade", afirmou o chefe do Governo.
O esclarecimento foi prestado depois de, na semana passada, o Expresso ter avançado que a empresa Spinumviva - até sábado detida pela sua mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, e filhos -, recebe uma avença mensal de 4.500 euros do grupo Solverde, que representou como advogado antes de ser presidente do PSD.
Entretanto, já ontem, a Spinumviva enviou um comunicado às redações no qual deu conta de que as quotas e todos os ativos da empresa passaram para os dois filhos de Luís Montenegro.