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Tem o colesterol mau alto? Saiba quais os perigos e o que deve fazer

Já ouviu, quase de certeza, alguém dizer: “Tenho o colesterol alto.” E basta isto para a conversa sobre o arroz vermelho, as dietas e até a medicação e os seus efeitos adversos começar. Mas afinal… o que é que interessa mesmo?

Margarida Graça Santos

O colesterol é uma gordura que circula no sangue. Todos temos colesterol e, ao contrário do que se possa pensar, ele é essencial para o corpo funcionar: faz parte das membranas celulares, ajuda na produção de hormonas, na síntese de vitamina D e em muitas outras funções.

O problema é que falar apenas em “colesterol” não diz muito. Dentro do colesterol total, há o “bom”, o “mau” e vários tipos pelo meio. E ainda existem os triglicéridos, que também são um tipo de gordura.

Podemos imaginar que o colesterol total são todos os carros na estrada. O colesterol LDL, frequentemente conhecido como o colesterol mau, são os carros que mandam lixo pela janela - pense no L de Lixo.

O HDL, o colesterol bom, são os carros que limpam a rua e apanham esse lixo. Pode lembrar-se associando o H - a higiene.

Os triglicéridos não são carros, mas também andam pelas nossas estradas: vamos pensar que são motas. Poucas não incomodam, mas muitas tornam a estrada mais perigosa.

Muito colesterol mau

Quando há muito colesterol mau, o lixo acumula-se nas paredes das estradas ou dos nossos vasos, formando placas. Se crescerem muito, podem bloquear o caminho - e isso pode causar um ataque cardíaco se esse caminho for um dos vasos do coração, ou um AVC se o vaso em questão for no cérebro.

Para além disto, o lixo acumulado pode também soltar pedaços que entopem outras estradas do corpo.

Quando pedimos análises, o que mais nos interessa é saber quanto do colesterol é mau, porque na verdade é esse que aumenta o risco cardiovascular, que é a probabilidade de ter um evento cardíaco nos próximos 10 anos e que nós, médicos, queremos reduzir ao máximo.

Mas para isso não basta olhar só para as análises: o tipo de tratamento e prevenção depende também da idade, da tensão arterial, se tem diabetes, se fuma, se tem histórico familiar, entre outros fatores.

Uma coisa é certa, o primeiro passo para todos é igual: melhorar a higiene das estradas, comer melhor, mexer-se mais, e reduzir a sua poluição, evitando tabaco e excesso de álcool.

Medicamentos podem ser essenciais

Depois disso, quando é preciso, os medicamentos podem ser essenciais. E sim, qualquer medicamento pode ter efeitos adversos, mas o nosso trabalho é pesar riscos e benefícios, e perceber quando é que podem evitar um evento que pode levar a morte ou grande perda de qualidade de vida.

E aí, é sempre melhor escolher algo que sabemos, com certeza, que funciona e é seguro, em vez de uma opção que não tenha provas claras de que reduz o risco, como o arroz vermelho.

Também é importante saber que as medicações podem ser alteradas ou retiradas ao longo do tempo. Por isso, se tem colesterol elevado, é essencial que seja acompanhado pelo seu médico.


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