Os suplementos multivitamínicos vendidos em Portugal não são medicamentos. São considerados produtos alimentares e são regulados pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, e não pelo Infarmed, que é a entidade que supervisiona os medicamentos.
Isto faz toda a diferença porque os suplementos não precisam de provar que são eficazes ou seguros antes de chegarem ao mercado. Essa responsabilidade fica nas mãos do fabricante. E, como em tudo, há uns bons e uns menos bons.
Já os medicamentos, como o ácido fólico ou o ferro, só podem ser comercializados depois de estudos de qualidade, eficácia e segurança.
Um estudo de 2023 analisou 28 suplementos pré-natais vendidos nos Estados Unidos e mostrou que quase 30% não tinham a dose recomendada de ácido fólico e quase metade falhava na quantidade de ferro, dois dos micronutrientes mais importantes na gravidez.
A nutrição durante a gravidez é um fator chave para o desenvolvimento saudável do bebé e para a saúde da grávida. Para além disso, já sabemos que pode influenciar a saúde da criança ao longo da vida. Por isso, a base deve ser sempre uma alimentação variada e equilibrada, incluindo legumes, fruta fresca, cereais integrais, leguminosas e, frutos secos. Ao mesmo tempo evitando produtos ultraprocessados com excesso de açúcar e gorduras saturadas.
Apesar disto, as necessidades de vitaminas e minerais aumentam durante a gravidez, e nem sempre conseguimos repor tudo só com a alimentação. É aí que entra a suplementação.
Mas o que se recomenda não é um “suplemento completo” igual para todas, até porque não queremos correr o risco de dar alguns micronutrientes em excesso, que também podem ter os seus riscos.
As recomendações da Direção Geral da Saúde falam em suplementar três micronutrientes essenciais: o ácido fólico, o ferro e o iodo. Hoje em dia já sabemos que as doses, a forma e a duração da suplementação deve ser ajustada a cada mulher, daí ser tão importante o acompanhamento por um profissional de saúde.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece que, em países com défices nutricionais importantes, os multivitamínicos podem até ter um ligeiro benefício. Mas em países como Portugal, onde a alimentação é, regra geral, variada e os défices menos frequentes, o ideal é fazer suplementação dirigida, com medicamentos regulados pelo Infarmed, prescritos por um médico e com comparticipação do Estado.
Além de ser mais seguro e eficaz, é também mais económico. Em vez de gastar 35 euros, pode gastar apenas três ou quatro euros por mês, com a tranquilidade de saber que têm as vitaminas e minerais que precisa.