A probabilidade de vir a uma consulta aberta porque se sente sozinho é muito baixa. E não é por ser uma sensação rara mas sim porque poucas pessoas acham que a solidão deve motivar uma consulta ou um pedido de ajuda.
Uma em cada cinco pessoas sente que não tem com quem contar. E isto não se aplica só aos idosos. Mesmo entre os mais jovens, as estatísticas mostram que desde a pandemia houve um aumento significativo no número de pessoas que se sentem sozinhas.
A solidão depende das expectativas pessoais de cada um sobre o tipo de relações que tem. Há quem se sinta lindamente sozinho, e de certa forma saber estar sozinho até é saudável. Mas às vezes, mesmo com jantares marcados todos os dias, milhares de contactos e ligações nas redes sociais, é possível sentir que se precisa de uma companhia diferente, de apoio, relações mais fortes e uma presença que dê atenção.
Alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade de isolamento social incluem doença mental grave, incapacidade, algumas doenças crónicas ou dependência de drogas.
Já a harmonia familiar, a capacidade de aceitar apoio e uma boa auto-estima parecem ser fatores protetores.
Apesar de parecer que estamos mais num consultório sentimental do que na consulta aberta, não é bem assim. Veja o vídeo desta semana e vai perceber que a solidão tem impacto negativo na saúde individual e da comunidade.
Por isso faz sentido que se sinta à vontade para falar deste assunto na consulta. Perceber porque é que se sente assim é o primeiro passo para que se sinta melhor.
Comecei por dizer-lhe que a probabilidade de vir a uma consulta aberta porque se sente sozinho é muito baixa, mas espero que depois destes dois minutos, essa probabilidade aumente.
Se mesmo assim não se sentir à vontade para falar com o seu médico, deixo alguns contactos úteis que podem facilitar a procura de ajuda e fazer com que mesmo quando está sozinho, não se sinta só.
Contactos úteis:
- Linha do Serviço de Informação às Vítimas de Violência Doméstica: 800 202 148
- Linha SOS voz amiga. Linha de apoio emocional e prevenção ao suicídio: 213 544 545 / 912 802 669 / 963 524 660 (diariamente das 15:30 às 00:30)
- Atendimento psicossocial da Câmara Municipal de Lisboa – 800 916 800 (24horas)
- Aconselhamento Psicológico do SNS 24 – 808 24 24 24 selecionar opção 4 (24horas)
- Conversa Amiga – 925 512 884 | 925 512 887 | 808 237 327 | 210 027 159 (15:00 às 22:00)
- Telefone da Amizade – 228 323 535 | 222 080 707 (16:00 às 23:00)
- Escutatório, Linha de apoio psicológico, Fundação S. João de Deus – 924 101 462 (10:30-12:30 / 14:30-16:30)
- APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima – 116 006 (9:00 às 21:00, dias úteis)
- SOS Estudante Linha de apoio emocional e prevenção ao suicídio – 969 554 545 | 915 246 060 | 239 484 020 (20:00 à 1:00)
- Cuidados para cuidadores
http://www.cuidadoresportugal.pt/