Benfica Campeão

De António Silva a Ramos: os cinco pilares do Benfica na temporada

Não é tarefa fácil escolher o melhor jogador do Benfica. O desafio fica ainda mais complicado ao tentar definir os cinco. O coletivo liderado por Roger Schmidt sobressaiu-se, mas houve jogadores com prestações acima da média e que saem valorizados após o título nacional.

Gonçalo Ramos e António Silva festejam um golo frente ao Maccabi Haifa, num jogo da Liga dos Campeões
Ariel Schalit

Daniel Pascoal

Do guarda-redes ao ponta de lança, o Benfica apresentou um núcleo de jogadores em bom plano esta temporada. Destacamos (e recordamos) aqui cinco destes nomes: António Silva, Grimaldo, Aursnes, João Mário e Gonçalo Ramos, futebolistas de diferentes posições e idades, que refletem o sucesso do Benfica.

António Silva

Defesa central, 19 anos

Um dos mais novos de todo o plantel, mas que aparenta ser um dos mais velhos. António Silva estreou-se na equipa principal na terceira jornada do campeonato, contra o Boavista, e agarrou o lugar, num momento em que Lucas Veríssimo e Otamendi eram baixas. Quando todos os centrais passaram a estar à disposição de Schmidt, já não restavam dúvidas sobre a titularidade do miúdo do Seixal.

Forte nos duelos, boa capacidade de antecipação e qualidade para construir. O jovem, considerado o defesa central mais promissor do mundo, tornou-se uma peça fundamental do Benfica.

Fica na memória a maturidade apresentada na Liga dos Campeões. António Silva deixou exibições de gala contra PSG ou Juventus e, no final da época, é o jogador mais valorizado do plantel "encarnado", a par de Gonçalo Ramos.

Apesar de pouco tempo na equipa principal, António Silva foi opção de Fernando Santos para o Mundial no Qatar, sendo o português mais novo de sempre a jogar num Campeonato do Mundo.

A dupla com o capitão Otamendi, de 35 anos, roçou a perfeição em alguns momentos. Sim, custou deixar o internacional argentino, campeão mundial, fora da lista.

Grimaldo

Lateral esquerdo, 27 anos

Depois de oito épocas ao serviço do Benfica, Grimaldo vai deixar o clube e rumar ao Bayer Leverkusen – um anúncio feito num timing que não agradou aos adeptos "encarnados" nem ao treinador. Apesar da desagradável despedida, o lateral espanhol foi uma figura do campeonato português nos últimos anos e 2022/23 não foi exceção. No último jogo, marcou, chorou e teve o nome gritado nas bancadas.

Trata-se do segundo jogador do plantel com mais minutos esta época, atrás apenas do guarda-redes Odysseas Vlachodimos.

No flanco esquerdo, poucos futebolistas no país apresentam a qualidade técnica e o potencial ofensivo de Grimaldo, que já desbloqueou muitos jogos complicados para o Benfica. Uma das suas marcas registadas é a bola parada (quatro golos de livre só nesta época). De menos positivo, ficam algumas lacunas no momento defensivo.

Nesta temporada, Grimaldo somou 8 golos e 14 assistências pelo Benfica. O lateral esquerdo é o melhor assistente da atual edição da Liga dos Campeões, apesar do Benfica ter sido eliminado nos quartos-de-final. Despede-se da Luz após representar as "águias" em 303 partidas.

João Mário

Médio, 30 anos

Não há dúvidas sobre a época superlativa que está a fazer João Mário. Os números comprovam e o próprio jogador admite que está a atravessar “o melhor momento da carreira”.

O internacional português vive a fase mais goleadora de sempre. Na realidade, o médio já dobrou os números daquela que tinha sido a temporada mais efetiva no que diz respeito a golos e assistências. Enquanto em 2015/2016, no Sporting, esteve diretamente ligado a 17 golos, nesta temporada já soma 37 participações, com 23 golos e 14 assistências.

João Mário passou a ter outro protagonismo no último terço. Diferente do cenário de outras épocas, o jogador atua agora com outros dois médios que preenchem a zona central (Chiquinho e, nesta reta final, João Neves; antes a dupla Florentino e Enzo), dando-lhe mais liberdade.

A qualidade técnica e a capacidade para ditar os ritmos da equipa não são propriamente novidades, mas a confiança e a precisão no momento da finalização colocam João Mário, um dos capitães do Benfica, num patamar acima.

Aursnes

Médio, 27 anos

Custou 13 milhões de euros aos cofres do Benfica em agosto. Contratação que só não foi mais cara que as dos badalados Enzo Fernandez e David Neres. No entanto, o médio norueguês prova a cada jogo que, na realidade, saiu barato.

Com 27 anos, Aursnes é um jogador pronto. Foi um pedido de Roger Schmidt e tem sido um dos pilares dos “encarnados”. É notável o leque de opções que dá ao treinador: pode jogar a médio centro, a sua posição de origem, como médio por um dos lados, ou até mesmo a lateral direito, posição que tem ocupado nesta reta final.

O ex-Feyenoord é um autêntico jogador de equipa. Equilibrado tanto no momento ofensivo como defensivo, tem ainda uma capacidade física acima da média. É sempre seguro e inteligente nas tomadas de decisão, ainda que em muitas das vezes possa ser aquele futebolista que passa despercebido.

Entre os jogadores que foram contratados para esta temporada, Aursnes é aquele que soma mais minutos e que mais vezes foi titular.

Gonçalo Ramos

Ponta de lança, 21 anos

O melhor marcador do Benfica. O "pistoleiro" do Benfica. Gonçalo Ramos, mais um menino da formação, viveu uma época de sonho na equipa principal. Também disputou o Mundial do Qatar e chegou a marcar um hat-trick nos oitavos-de-final, contra a Suíça, quando se estreou pela Seleção Nacional. Mas voltemos à Luz.

Aposta para o comando do ataque desde o início da época, o avançado de 21 anos foi fundamental para o caudal ofensivo apresentado, contribuindo com 30 golos e 6 assistências.

Além da participação direta em (muitos) golos, Ramos destaca-se pelo refino nos movimentos, com e sem bola, capazes de ludibriar os adversários. Rápido e com boa técnica, o avançado consegue deixar a zona do ponta de lança para participar no jogo, abrindo espaço para os companheiros também entrarem na área.

Gonçalo Ramos já admitiu que o modelo de Schmidt favorece o seu estilo de jogo.

Os miúdos são o futuro… e o presente

Além de António Silva e Gonçalo Ramos, é necessário realçar outros jovens, principalmente os da formação que já ganharam terreno na equipa principal.

Em primeiro lugar, Florentino, médio que se afirmou com Schmidt e foi titular em quase toda a temporada. Depois, João Neves, “sacado” da equipa B diretamente para o onze inicial, logo nas jornadas finais e decisivas, para garantir o título do Benfica.

Mesmo que ainda não tenham a dimensão dos nomes que figuram na lista anterior, é impossível não projetar o futuro das “águias” com estes miúdos, que já dão garantias no presente.

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