Benfica Campeão

Toni faz balanço do título do Benfica: "Os sinais estavam lá desde o início"

O histórico jogador e treinador, que venceu 10 campeonatos pelos “encarnados”, passa a pente fino a época que culminou no 38.º título nacional do Benfica. Em entrevista à SIC Notícias, Toni elege ainda o melhor jogador, a revelação e aquele que merecia mais minutos na temporada.

Gonçalo Ramos e Enzo Fernandéz celebram golo no Estádio da Luz
PEDRO NUNES

Daniel Pascoal

O Benfica voltou a ser campeão nacional, depois de três épocas e uma trajetória com diferentes protagonistas. Do presidente ao treinador; do capitão Otamendi ao jovem António Silva. Para Toni, uma figura incontornável da história do clube, o trabalho foi bem feito e “dava sinais desde o início".

Em entrevista à SIC Notícias, o antigo jogador e treinador do Benfica, também ex-internacional português, passa a pente fino a época que culminou no 38.º título da Primeira Liga. Fala sobre o “papel fundamental” de Rui Costa, analisa os aspetos táticos que Schmidt implementou e explica a evolução de alguns dos principais jogadores.

“O Benfica teve em Roger Schmidt o seu ponto central. Ele teve a capacidade de lançar uma proposta de jogo aos atletas, que a absorveram rapidamente. Conseguiu motivar, liderar e comunicar perante uma nova equipa”.

Perguntas e respostas, com Toni

Quem foi o jogador mais importante do Benfica?

“Grimaldo”.

Quem foi a grande surpresa desta época?

"António Silva e João Neves. Jovens com presente e futuro. É notável e não é fácil inserir tantos jogadores da formação na equipa principal".

Quem faltou jogar mais?

“Musa. Pela forma como ele tem entrado, poderia ter mais minutos. Mas o Gonçalo Ramos é o melhor marcador e dá garantias”.

Qual foi a partida mais marcante?

“A vitória no Dragão. Contra um adversário direto, fora, é sempre importante”.

As forças e fraquezas do Benfica

Toni, que somou 393 jogos pelo Benfica em 14 épocas, foi treinador durante muitos anos e sabe que não é fácil chegar, ver e vencer. Por isso, valoriza o trabalho de Roger Schmidt, salientando o papel fundamental de Rui Costa” na aposta que fez no início da temporada.

O antigo médio “distribuiu” ideias sobre os aspectos táticos implementados pelo alemão.

“Schmidt trouxe algumas nuances que foram a matriz da equipa. A pressão alta, a reação à perda da bola e a posse. O Benfica usa a posse de forma efetiva, não supérflua, e utiliza as variações nos corredores. Um dos pontos fortes são as transições, fruto da forma como a equipa recupera a bola".

A lenda dos “encarnados”, que também conquistou seis vezes a Taça de Portugal, realça, no entanto, que o Benfica mostrou-se “um pouco vulnerável às transições do adversário”, ao jogar com o bloco muito alto. Toni defende também que a equipa poderia ter tido mais alternativas ao longo da época, apesar de reconhecer a qualidade do “núcleo duro” escolhido pelo treinador.

“João Mário fez a melhor época da carreira”

Questionado sobre como o coletivo tem influenciado as performances individuais, Toni enumera alguns jogadores que, na sua visão, beneficiaram do bom funcionamento da equipa. Em destaque, João Mário, que vive a época mais goleadora da carreira.

“O João Mário fez, pelo menos até março, a melhor época da carreira. Teve uma quebra depois da paragem para as seleções, mas já está a recuperar. António Silva, Florentino e Gonçalo Ramos também aproveitaram. O Chiquinho apareceu com a saída do Enzo”.

O antigo jogador do Benfica recorda ainda as contratações “cruciais” no início da época, destacando o “polivalente Aursnes” e o “desequilibrador nato” David Neres.

Benfica “abanou”, mas não tombou

Depois de uma constância assinalável durante grande parte da temporada, o então imbatível Benfica perdeu três jogos seguidos e acabou eliminado da Liga dos Campeões, naquele que foi “o pior período da época”, onde as águias “abanaram”.

Toni considera este um momento normal e entende que “a paragem para as seleções" foi determinante para a “quebra da sequência positiva”. No entanto, “a vitória contra o Estoril lançou de novo a confiança para a equipa”.

“Não se sobrevive sem vender, os olheiros têm de trabalhar”

O histórico jogador e treinador das “águias” acredita que, para além da já anunciada saída de Grimaldo, o clube vai vender outros talentos no futuro próximo, o que, para Toni, não é um problema.

“Os próprios dirigentes afirmam que não podem sobreviver sem vender. Aquilo que o adepto pensa não pode ser correspondido, pois não há capacidade para reter os talentos. Os olheiros têm de trabalhar (…) Mas os clubes portugueses têm tido a capacidade de se regenerarem”.

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