O título ficou nas mãos de quem, durante toda a época, foi mais consistente. Apesar da inesperada emoção nesta reta final de campeonato, o Benfica sagrou-se campeão nacional na última jornada. O troféu, de número 38, está de regresso à Luz.
Os comandados de Roger Schmidt venceram este sábado o lanterna-vermelha Santa Clara. Uma espécie de déjà vu de quando as “águias” venceram a Primeira Liga pela última vez. Em 2018/2019, o último jogo também foi contra os açorianos, em Lisboa.
O desfecho, neste sábado, foi o mesmo: um triunfo que valeu o campeonato.
O resumo do jogo do título
Tudo ficou praticamente resolvido na primeira parte. O Benfica entrou a pressionar, no ritmo que os adeptos esperavam, e retirou logo qualquer tensão que o jogo decisivo poderia ter.
Pode-se dizer que a festa começou bem antes do apito inicial, mas Gonçalo Ramos fez o Estádio da Luz tremer ao minuto 7. O avançado, um dos pilares do Benfica na época, aproveitou um cruzamento teleguiado de Alexander Bah para marcar o seu 19.º golo na Primeira Liga.
O lateral dinamarquês, que sofreu com muitas lesões durante a temporada, voltou a ser titular e esteve em bom plano, mostrando que pode ser uma figura importante em 2023/24.
O Benfica continuou a “carregar” e, num contra-ataque muito bem elaborado, ampliou a vantagem aos 28'. Rafa e João Mário combinaram desde o meio campo contrário e o avançado acabou mesmo a faturar.
Com o resultado a seu favor, e contra uma equipa que não apresentava argumentos para contrariar os novos campeões, o Benfica geriu o ritmo do jogo na segunda parte.
Aos 59 minutos, a bola bateu na mão de Adriano e o árbitro Rui Costa assinalou penálti para os “encarnados”.
Grimaldo, a realizar o seu último jogo pelo Benfica, já que vai jogar no Bayer Leverkusen na próxima época, foi o escolhido para bater. E não falhou.
O lateral espanhol, que defendeu o Benfica em 303 partidas durante oito épocas, não conseguiu esconder as lágrimas depois do golo. Esta foi, sem dúvidas, uma temporada superlativa de Grimaldo, o melhor das “águias” na visão de Toni, histórico jogador e treinador português.
Os "encarnados" fecharam o campeonato com chave de ouro. Chegaram aos 87 pontos e ao 28.º triunfo na competição. Além de ser a equipa com mais vitórias, é também a que detém o melhor ataque e a defesa menos batida (veja aqui os números da época).
Entre Lage e Schmidt, há um fator em comum
O Benfica não conquistava a Primeira Liga desde 2018/19. O treinador era Bruno Lage, que chegou em janeiro para o lugar de Rui Vitória e guiou os “encarnados” ao 37º título nacional.
Rúben Dias e Ferro, ambos com 21 anos, formavam a dupla de centrais. Florentino (18) assumia um dos lugares no meio campo e, mais a frente, João Félix (18) espalhava magia. Quatro jovens que eram habituais titulares naquela equipa campeã.
Agora, o Benfica volta às glórias com o soberano António Silva (19) na defesa, o talentoso João Neves no “miolo” e o matador Gonçalo Ramos (21) no comando do ataque. O mesmo Florentino, que nos últimos anos fora emprestado duas vezes, também foi uma aposta de Schmidt durante a época.
A aposta nos jovens da casa representou um trunfo desportivo e financeiro de Bruno Lage. Recorde-se que, em 2020, Rúben Dias foi vendido para o Manchester City por cerca de 70 milhões de euros e, ainda em 2019, João Félix saiu por mais de 120 milhões, naquela que é até hoje a venda mais cara de sempre das “águias”.
O ciclo continua e, depois de uma época superlativa, os atuais talentos do Benfica estão, certamente, a serem observados pelos “tubarões” europeus, especialmente Gonçalo Ramos e António Silva, considerado o central mais promissor do mundo.