Paulo Madeira, como um dos grandes centrais da história do Benfica, sabe identificar um talento desta posição. E o antigo internacional português mostra-se mesmo rendido ao jovem António Silva, um dos rostos da 38.º título nacional das “águias”.
Em entrevista à SIC Notícias, o ex-defesa central, que fez 224 jogos pelo Benfica e esteve no Euro 1996, realça o papel de António Silva e também de outros jovens da formação, o que representa um “grande mérito de Roger Schmidt”, que orientou a equipa para “uma campanha fantástica".
“Schmidt teve coragem e os jovens estão a mostrar que têm qualidade para serem titulares do Benfica”, afirma Paulo Madeira, referindo-se a Morato, numa fase inicial, depois António Silva e João Neves.
Perguntas e respostas, com Paulo Madeira
Quem foi o jogador mais importante do Benfica?
“António Silva”.
Quem foi a grande surpresa desta época?
"António Silva também. Fica com os dois louros."
Quem faltou jogar mais?
“Musa. Demonstrou que estamos perante um avançado goleador. Pelo que fez em campo em poucos minutos, há que dar mais tempo de jogo a Musa”.
Qual foi a partida mais marcante?
“Contra o Braga foi fantástico. O Benfica não deu hipóteses ao Braga de ter oportunidades. Tomou conta do jogo do início ao fim. Lembro-me ainda da receção à Juventus”.
A “cumplicidade” entre Schmidt e os jogadores
O antigo central das “águias”, que também jogou em clubes como Marítimo, Belenenses, Fluminense e Estrela da Amadora, frisa o “mérito de Roger Schmidt” em lançar jogadores tão jovens. Realça também a “nova filosofia de treinar”, que resultou em performances destacadas de determinados atletas.
“O treinador conseguiu tirar muito de alguns jogadores. Vemos o Rafa quase sempre bem em termos físicos, sem lesões. O Otamendi, apesar da idade, a fazer exibições fantásticas. Nota-se muita cumplicidade entre ele e os jogadores. Penso que mesmo os que não jogam têm muito respeito por Schmidt”.
O momento menos positivo vivido pelo Benfica, que sofreu três derrotas seguidas, quando antes tinha perdido apenas um jogo na época inteira, é desvalorizado por Paulo Madeira. “No futebol muitas vezes existem estes períodos de baixa, em que as coisas não saem. Aconteceu no Benfica e muitas pessoas puseram tudo em causa. Mas eu sempre acreditei”, rematou.
“Benfica, Porto e Sporting são clubes vendedores”
Paulo Madeira acredita que, após uma época de sucesso", a saída de jogadores no mercado “faz parte”, pois os clubes portugueses “não têm condições financeiras de aguentar”.
“O Benfica é um clube vendedor. Porto e Sporting também. Quando as equipas ganham, estes jovens são muito apetecíveis. Na Liga dos Campeões, o Benfica jogou contra grandes equipas [entre as quais PSG, Juventus e Inter Milão]. O António Silva, por exemplo, tem um potencial enorme e um futuro brilhante. Enquadra-se em qualquer uma destas equipas”.