Economia

Testamento de Giorgio Armani rompe com tradição e aponta novo caminho para a marca de luxo

O testamento de Giorgio Armani, que morreu aos 91 anos no passado dia 4 de setembro, foi divulgado, revelando os planos para o futuro da sua marca de luxo. O conteúdo do documento surpreendeu o mundo da moda, pois a principal decisão do estilista italiano rompe com a histórica recusa em abrir o capital da empresa.

O estilista Giorgio Armani após a apresentação da sua coleção feminina Primavera/Verão 2024, em Milão, Itália, no domingo, 24 de setembro de 2023.
Luca Bruno / AP

Mariana Jerónimo

Uma semana após a morte do icónico estilista Giorgio Armani, aos 91 anos, foi divulgado, esta sexta-feira, o testamento deixado pelo designer italiano. De acordo com o documento, a que o jornal italiano Corriere della Sera teve acesso, a maior surpresa para o mundo da moda está relacionada com o futuro da casa de luxo fundada em 1975.

A Fundação Giorgio Armani herda 100% da marca, mas está obrigada, entre o 12.º e o 18.º mês após a abertura da sucessão, a vender uma participação de 15% a um dos seguintes grupos: LVMH, EssilorLuxottica, L’Oréal ou outra empresa de moda com perfil semelhante e com quem a marca tenha parcerias.

Depois, entre o 3.º e o 5.º ano, ou, obrigatoriamente, até ao 8.º ano, deverá ser vendida uma participação adicional, de 30% a 54,9%. Como alternativa, se não houver venda ou acordo apropriado, pode haver uma entrada na bolsa de valores, em Itália ou outra bolsa relevante.

Recorde-se que, ao longo da sua vida, Giorgio Armani concentrou em si todas as decisões sobre a sua marca de luxo e sempre recusou abrir o capital da empresa ao exterior.

Como ficam os votos e o controlo da empresa?

A gestão da marca deixa de estar apenas nas mãos da Fundação (que tem 30% dos votos) e passa a ser partilhada com Pantaleo Dell’Orco (companheiro e braço-direito de Giorgio Armani, com 40% dos votos) e com os dois sobrinhos do estilista, Silvana e Andrea (com 15% dos votos cada).

"Os meus planos de sucessão consistem numa transição gradual das responsabilidades que sempre assumi para as pessoas que me são mais próxima como Dell’Orco, os membros da minha família e toda a equipa de trabalho", disse o estilista, em entrevista ao Financial Times, dias antes de morrer.

Como Giorgio Armani não deixou herdeiros diretos, o testamento também atribui ações sem direito de voto à irmã, Rosanna Armani, e à sobrinha, Roberta Armani.

O que acontece às ações e propriedades?

Giorgio Armani detinha ações na gigante dos óculos EssilorLuxottica, avaliadas em mais de 2,5 mil milhões de euros, segundo a imprensa italiana.

No testamento, determinou que 40% dessas ações seriam atribuídas a Pantaleo Dell’Orco, enquanto os restantes 60% seriam divididos entre os familiares. O estilista deixou ainda parte das ações a alguns colaboradores próximos, incluindo o diretor da área imobiliária do grupo.

Analistas do setor, citados pela Reuters, avaliam o império da moda deixado por Giorgio Armani entre cinco e 12 mil milhões de euros.

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