Há novos dados que podem ajudar a encontrar uma explicação para a tragédia no Elevador da Glória. Sabe-se agora que, há seis anos, foi feita uma alteração no cabo, que antes era de aço puro e passou a ter um núcleo em fibra. No entanto, a peça que agarra o cabo deveria também ter sido alterada, o que não aconteceu.
Por esse motivo, os especialistas acreditam que o novo material se foi deformando com o tempo, até acabar por se soltar no dia do acidente.
As primeiras informações sobre o acidente indicam que o cabo que unia as duas cabinas cedeu no ponto de fixação, que estava na estrutura que descia pela calçada da Glória.
De acordo com o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes Ferroviários, o tipo de cabo que acabou por se partir estava em uso neste ascensor há cerca de seis anos. Antes disso, o cabo era feito 100% de aço. Agora, é constituído por seis cordões de aço, e o interior é feito em fibra, uma espécie de corda de plástico.
Para os especialistas, a mudança do tipo de cabo exigiria também a adaptação da peça onde o cabo é fixado, o que não foi feito. O que está em causa não é a resistência do cabo, mas sim um sistema que não foi adaptado a esta alteração.
A decisão de mudar o tipo de cabo foi tomada pela antiga administração da Carris. No entanto, não se conhece ainda o motivo que levou a empresa a optar por um material diferente, que acabou por causar o acidente.
A tragédia no elevador poderia ter tido outro desfecho se os travões tivessem funcionado corretamente. Os especialistas ouvidos pelo Expresso afirmam que o sistema de travagem nunca teve a capacidade necessária para parar o elevador caso o cabo falhasse.
No acidente, 16 pessoas morreram e 23 ficaram feridas. Três mulheres continuam internadas no Hospital São Francisco Xavier: uma na enfermaria e as outras duas nos cuidados intensivos.